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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

NESTE ANO...


Neste ano...
Neste ano, perdi o rumo, um amigo querido e conheci o lado bom e ruim de algumas pessoas.
Reencontrei uma pessoa importante e beijei muito mais seus irmãos.
Desejei reviver algumas coisas, e assim o fiz.
Usei muito mais corretivo sob os olhos, produzi mais lágrimas do que em qualquer outro ano da minha vida e senti vontade de possuir uma arma de fogo.
Tive a certeza de que Deus não existe, fui abraçada por desconhecidos solidários e conheci pessoas com perdas idênticas à minha.
Fui consolada.
Fui, também, consoladora de corações destruídos tanto quanto o meu.
Aprendi o quanto dói ter, simultaneamente, insônia e boa memória.
Tentei esquecer coisas inesquecíveis e perdoar o imperdoável, mas isso ainda não consegui.
Aprendi qual a sensação de ter um membro amputado sem ter passado, efetivamente, por isso.
Reorganizei minhas prioridades, excluí gente desnecessária da minha vida.
Agradeço à vida por ter me devolvido alguém necessário.
Tive a certeza de que tenho um amigo para todas as horas e, também, a certeza de que tem gente que se promove às custas da desgraça alheia.
Compatilhei 100% da minha vida com a tia Erika, que é uma das pessoas que mais amo no mundo.
Me orgulho de não ter desperdiçado nenhum fiozinho de amor em relação à ela desde que éramos pequenas. Ela vale qualquer esforço ou sacrifício... Qualquer tudo! Eu a amo!
Reaprendi a respirar, andar, comer...
Engordei o que não deveria em 10 meses.
Dormi durante o dia e vaguei durante a noite.
Não tomei sol, não viajei, não me diverti.
Decorei cada marca de expressão contida no rosto de um assassino chamado Jair.
Decidi viver.
Este foi o ano em que mais sofri.
O ano que nunca esqueceremos.
O ano em que ficamos 'órfãos', que dormimos todos no mesmo quarto com as camas coladinhas e de mãos dadas.
Foi o ano em que os olhos mais radiantes que conheci ao mesmo tempo que se fecharam, devolveram a visão à alguém.
Foi o ano em que o meu sorriso predileto perdeu o viço para a morte.
Este, foi o ano em que você chorou no meu colo suas inseguranças adolescentes.
E este, infelizmente, foi o ano em que chorei toda minha dor de mãe, debruçada no teu caixão.
Que você saiba que continua sendo minha luz e minha força.
Que você saiba que meu amor por você nunca vai acabar.

"Saudade que dói no peito..."

MORGANA E VOCÊ


Esta é a mala onde estão guardadas suas roupas.
E esta é sua gata cuidando de você, sem se importar sob qual forma você está.
Para ela, não há, no mundo, algo capaz de fazer seu cheiro se extinguir.
E ela te cuida, todos os dias, fiel como sempre foi...

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

CHEGANDO O NATAL


Filhotinha...
Quase natal...
Vamos passar lá na casa da bisa, como todos os anos.
A Ivy vai ganhar uma bicicleta do 'papai Noel', e o Nícollas, por incrível que pareça, passou de ano!
Eu queria ficar aqui em casa, não to afim de passar por aquela coisa de ficar ouvindo conversinha de feliz natal, tipo "é isso aí Gabi, continue forte", " Deus vai te dar força", bla bla bla...
Enfim... A Ivy curte o Natal na bisa, acredita em papai Noel, adora as comidinhas da vó... Então, iremos!
Sei que não vou poder viver eternamente no buraco em que gostaria, então, comprei uma sandália em sua homenagem e 'vamos que vamos'.
Dia desses, conheci através do blog, uma outra mãe que está vivendo a mesma situação que eu.
A filha dela, Juliane, foi atropelada e morta na semana do seu aniversário, Bi.
Mais uma história triste, onde uma mãe perde o chão e onde 3 irmãos tentam continuar suas vidas.
Mais uma família destruída por mais um assassino do trânsito.
Estenda as mãos à Juliane e não a deixe sozinha... Abra seu sorriso largo e junte-se a ela.
Por aqui, tentamos, eu e Cínthia (mãe de Juliane), não enlouquecer.
A vó Dette está aqui em casa, veio ficar uns dias comigo até o Natal. Junto com ela, veio um vidrinho de Rivotril, a quem cedi completamente!
Agora, consigo dormir melhor graças à nossa velhinha 'traficante'!
Não te esqueço um só segundo, faço absolutamente tudo pensando em você.
Comprei um vestidinho preto pra usar no natal, e quase chorei no provador da loja porque me faltou você pra dar seus palpites.
Acho que você teria aprovado.
Eu sinto tanta falta de você... Falta de cuidar, de aconselhar, de abraçar...
Minha menina...
O Nícollas cresceu horrores esse ano!
Está da minha altura, e estaria da sua também se você aqui estivesse.
Sou mais triste há quase 10 meses, serei mais triste por todo o resto da minha vida.
Meu amor por você continua imenso.
Volta pra mim, volta...

domingo, 18 de dezembro de 2011

TESTEMUNHAS


Sei que muita gente lê o que escrevo.
Muitas dessas pessoas moram próximo à minha casa.
Desde que a Bianca foi atropelada, tenho comigo a versão do policial que atendeu a ocorrência e a das pessoas que acompanharam o resgate no local do acidente.
Preciso muito saber se havia mais alguém naquele ponto de ônibus com ela aquele dia, ou se havia mais alguém na rua, porque embora estivesse chovendo, este é um lugar onde SEMPRE tem gente na rua.
O processo é lento, mas queremos que justiça seja feita.
Se alguém sabe de algo, ou se presenciou algo, peço a gentileza de não postarem nos comentários, mas gostaria imensamente que vocês escrevessem para o meu email gabihort@gmail.com.
Qualquer coisa que tenham ouvido sobre o que aconteceu naquele dia, por mais que possa lhes parecer bobagem, pra mim pode fazer toda a diferença.
Quero todas as informações possíveis sobre o que houve.
Conto com vocês e agradeço a quem puder ajudar!
Beijos

sábado, 10 de dezembro de 2011

O ÚLTIMO ANO DA SUA VIDA


Este, sem dúvida, foi o ano mais desgraçado da minha vida.
Ao mesmo tempo, este é um ano que não gostaria de ver acabar.
Este, foi o último ano em que você viveu, sorriu e que eu pude te abraçar.
O último ano em que te confiei segredos, que ouvi suas aflições, que fiz escova em seus cabelos
O ano que vem, será um ano em que você não vai existir.
Você será, para muitas pessoas, 'alguém que morreu no ano passado'.
Alguém que não estará em nenhuma lista de nenhuma turma do 3ºcolegial.
Seu assassinato terá sido no ano passado.
Entende como isso acaba comigo?
Seu assassino terá a convicção da impunidade, pois, afinal, ele te matou no ano passado e nada aconteceu!
Ah... Minha vida...
Meu útero grita por justiça!
Ele te matou e, mesmo com a lentidão ou omissão da justiça, que o desgraçado durma sabendo que eu não o esqueci.
Para mim, não importa quanto tempo passe, tudo terá acontecido hoje.
Todos os dias eu revivo aquele dia.
Todas as noites enterro você. E choro. E não durmo. E revivo.
Não aprendi a evitar isso, se é que isso é coisa que se aprende.
Durma, você, o soninho dos anjos...
Estarei aqui, enquanto meu coração bater, a fazer com que você nunca seja esquecida.
Te amo mais-que-tudo!

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

EMAIL


Sobre os comentários que recebo aqui no blog, leio absolutamente todos.
Muitos deles, tenho vontade de responder, porém, as pessoas têm postado em anonimato, não deixando um email pra que eu possa responder.
Peço, se possível, que deixem um email pra retorno.
Se preferirem, podem escrever direto pro meu email: gabihort@gmail.com
Obrigada pelo carinho de todos...

sábado, 3 de dezembro de 2011

UMA BRIGA INESQUECÍVEL


Era de manhã.
Eu já estava quase na porta do escritório quando ela me ligou:


- Mãe, já chegou no trabalho?

- Estou quase... Por quê?

- É que preciso conversar bem sério com você depois.



Fiquei paralisada.
O que poderia ser tão sério a ponto de transformar seu bom humor quando falava comigo ao telefone?
Durante aquela manhã, não nos falamos mais, até que chegou o horário do meu almoço e acabei ligando pra ela:


- Oi Bi... Fala logo o que você quer falar porque nem to conseguindo trabalhar direito de tanta preocupação. O que foi que aconteceu de tão sério?

- Mãe, só me responde uma coisa: quantas vezes você jogou minha bolsa no chão ontem?


CON - GE – LEI...
Na noite anterior, não lembro por qual razão, a gente tinha discutido por uma bobagem qualquer e ela me tirou completamente do sério.
Às vezes, filhos fazem isso com as mães (eu fiz muito isso com a minha... e quer saber? Ainda faço!).
Ela me irritou tanto, mas tanto, mas tanto, que eu tinha vontade de bater nela muito-muito-muito-até-sair-caldinho, como a gente costumava dizer.
Claro que não ia fazer isso, mas eu tinha que mandar meu ódio pra algum lugar.
Adivinha só?
A bolsa dela estava bem ali, em cima da minha cama pedindo para ser jogada para todos os lados possíveis!
Quando paramos de gritar uma com a outra, a Bianca desceu as escadas me deixando no quarto, a sós, com aquela bolsa.
Enrosquei a danada no pulso e comecei meu desabafo: bati a bolsa contra a parede e contra o chão e, de novo, contra a parede, com uma fúria digna de novela das oito!
Diante daquela pergunta, já tinha sacado que alguma grande bosta tinha acontecido.
Ela, aos prantos do outro lado da linha, dizia:


- Você moeu TODAS as minhas maquiageeeeeennnnnssssssssss!


Eu tinha a exata noção da tragédia que isso representava pra ela, mas não me contive:


- Bi, pensa pelo lado bom: antes as maquiagens do que a sua linda cara, porque descontei na bolsa a vontade que eu tava de pegar você!!!


E eu ria...
E ela chorava...
Claro que tratei de comprar maquiagens novas imediatamente!
Ela seria bem capaz de nunca mais colocar os pés na rua se não tivesse uma boa base, um gloss delicioso e um rímel à altura de seus belos cílios...
Sabe, a gente tinha uma relação especial, mas não éramos mamãe e filhinha de filme água-com-açúcar.
Ela me irritava como qualquer filha irrita sua mãe.
Eu brigava com ela como qualquer mãe briga com sua filha.
Engana-se quem, ao ler o blog, imagina uma relação onde só existia sorrisos.
Era, sim, uma relação diferenciada, onde qualquer tempestade terminava num abraço, num beijo e em dois sorrisos reparadores: o meu e o dela...

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

DENTRO DE VOCÊ


Já presenciei a morte de algumas pessoas.
Estive ali, presente, no momento em que seus corpos pararam.
Fui, para algumas pessoas, a última imagem registrada por seus olhos...
Uma vez, numa noite de estágio num hospital em Santo André, um homem (cuja razão da internação não era muito clara) estava absolutamente confuso em seu leito.
Com os punhos amarrados à maca por conta de sua inquietação, o homem conseguiu me segurar pela mão.
Nos olhamos, e ele perguntou:
- Você tem filhos?
- Sim, tenho dois (na época, somente Bianca e Nícollas).
- Então, escute o que vou te falar: todos os dias da sua vida, diga a eles que os ama.
E foram, essas, suas últimas palavras...
Ouvir o que aquele homem tinha a dizer foi uma maneira de fazê-lo ficar mais calmo.
Saí da enfermaria e fui cuidar de outro paciente.
Minutos depois, seguiu-se uma correria: o tal homem teve uma parada cardíaca e faleceu.
Lembro dele não somente pelo que me disse antes de morrer, mas por ter sido eu a última pessoa com quem ele conversou.
Fui a última pessoa a testemunhar seu estado de consciência.
Todos os dias, passo pela calçada onde você foi atropelada.
Todos os dias, me recordo daquela manchinha de sangue, tão insignificante, que não nos dava, nem de longe, a vaga noção da gravidade do seu estado.
É estranho o que vou dizer, mas consigo ver tudo o que aconteceu pela sua ótica.
É como se eu estivesse ali, dentro de você, quando aconteceu.
Sinto seu susto, seus últimos momentos de consciência após a queda...
Sinto sua preocupação por mim e por seus irmãos que estavam sozinhos em casa...
Sinto sua revolta por não conseguir falar ou se mover, e sua ignorância de não saber o que te derrubou ao chão...
Não sei se isso tem algum nome além de ‘loucura de mãe’, mas sei exatamente o que você sentiu naqueles poucos minutos.
Tenho certeza de que você sabia que o Filão e o Nícollas estavam ao seu lado, e tenho certeza também que isso abrandou sua angústia, pois sabia que eu estava sendo avisada.
Tenho, na minha memória, a última coisa que você viu.
Não tenho problemas em passar por essa calçada todos os dias, mas tenho sérios problemas em continuar a vida sem você.
Ainda não consegui reorganizar as coisas de forma a preencher a lacuna que se formou... Mas vou ter que arranjar um jeito de lidar com isso...

PS: Eu te amo!

A CENA QUE VOCÊ PERDEU


Fazia frio aquela noite.
Eu vestia, há dois dias, uma calça jeans, uma blusa preta que deixava minhas costas à mostra e calçava um chinelinho.
Por boa parte daquela noite, meu corpo se manteve anestesiado de forma a não me permitir sentir uma gota sequer de desconforto pela baixa temperatura.
Mas, por um momento, me dei conta de que precisava tomar um banho e me agasalhar, pois estava ficando com os pés congelados.
Algumas pessoas que compareceram ao velório, eram pessoas que não via há anos...
O Reinaldo foi uma das presenças que mais me deixou comovida.
Me lembro que, uns dois meses antes de você partir, contei que ele havia me reencontrado pelo facebook.
Depois, me lembrei de que você nem fazia idéia de quem ele era!
Atualizei você de parte da minha adolescência e deixamos a vida correr...
De repente, ele estava lá.
Perguntou se eu queria meias pros meus pés gelados.
Eu ri, dizendo que sim, perguntando se ele ia ficar descalço pra me dar as dele.
Foi o que fez.
Aquela pessoa altíssima, com pés enormes, ficou descalça em favor dos meus pés congelados.
Naquele momento, consegui sorrir e dizer que aquela cena era uma das cenas que você deveria ter presenciado, ou que eu, ao menos, tivesse o direito de poder descreve-la à você.
Você teria achado aquilo hilário!
Mas já não dava mais... Você já não podia me ouvir.
Sua partida, embora vocês não tivessem nunca se visto, mexeu bastante com ele.
E eu o entendi.
E o agradeço muito por ter estado ao meu lado por alguns instantes naquela noite.
Pessoas como ele, e com a importância que ele tem na minha vida, foram responsáveis por todo o meu controle e por minha serenidade naquele momento tão esquisito...
Queria que vocês tivessesem se conhecido...
Você, Bianca, compartilhou comigo segredos, loucuras e insanidades.
Riu de mim, riu pra mim e riu comigo.
Sorriso da boca imensa e feliz, do rosto com covinhas e dos olhos lacrimejantes...
Quanta falta me faz, minha menininha...

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

OITO MESES


Passei a perceber, com mais atenção, como o tempo é para cada pessoa.
Quero dizer, de modo meio confuso, que o período de uma semana pode ser referência de muito ou pouco tempo, dependendo de quem se trata.
Estamos há 8 meses sem você.
Seu irmão não se pronuncia sobre o assunto, mas sua ausência se faz presente em cada minuto da vida dele.
Sua irmã, numa das 200 mil conversas diárias que tem comigo e que inclui seu nome, disse, resignada, que fazia ‘o maior tempão que você tinha morrido’.
Quando uma criança adoece, ainda que com gravidade, os médicos sempre dizem que o poder de recuperação delas é muito superior aos adultos.
Certamente, isso também se aplica às ‘doenças emocionais’...
Gostaria de ser criança...
Para mim, o tempo parou naquele dia.
É como se todos os dias, desde aquele dia, fosse o dia do seu enterro.
É a mesma sensação de dor, de falta, de revolta, de saudade...
Eu queria tanto você de volta...

"O coração de uma mãe que perde um filho é um pedaço desgraçado de carne que apodrece num corpo vivo, onde todo o resto teima em funcionar."

Sinto que, agora, estou vivenciando a fase mais solitária desde que você foi tirada de mim.
Me sinto absurdamente sozinha na tarefa de ainda estar indignada e sofrer a maior de todas as dores.
Ninguém, por mais que sinta amor, é mais ‘dono’ de um filho do que sua mãe.
É a mãe, e somente ela, o ser capaz de qualquer insanidade por uma outra criatura, por um pedaço seu...
Eu teria morrido em seu lugar.
Vejo as pessoas vivendo a normalidade de suas vidas e as invejo.
Me pergunto se, algum dia, viverei em calmaria novamente.
A dor que sinto no peito é ímpar.
Luto, diariamente, para não me tornar uma pessoa amarga.
Luto, bravamente, contra a vontade de me matar.
Hoje, vi um filme cuja personagem perdera seu filho.
Coincidentemente, o filho morrera atropelado há 8 meses e ela disse algo mais ou menos assim sobre a dor que uma mãe carrega quando perde um filho:

“A gente arrasta esse peso por muito tempo...
Mas, em algum momento, sem que a gente se dê conta, ele se transformará num tijolo que poderemos carregar dentro de um bolso.
Às vezes, esse tijolo nem será notado, mas quando colocarmos a mão no bolso, lembraremos que está ali.
E, mesmo sabendo disso, será suportável carregá-lo.”

Gostaria de saber quando é que minha dor vai ‘virar um tijolo’, quando será suportável e quando vou conseguir superar...
Quando?
Quanto tempo demora isso?
Amor...
Não mais haverá, no mundo, duas criaturas com tanta cumplicidade como nós.
Não mais haverá um amor como o meu por você...
Um beijo...

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

VOCÊ ESTÁ COMIGO


Hoje, você esteve comigo.
Muita gente me questiona se não tenho vontade de ir a um centro espírita.
Normalmente, as pessoas fazem esse questionamento com o objetivo de que eu concorde em ir atrás de uma carta psicografada ou de uma notícia qualquer, e como sou sua mãe, obviamente você não me ‘deixaria no vácuo’.
Claro que quem me sugere isso, são pessoas ávidas por uma comprovação de que existe vida após a morte.
Eu não sou espírita, mas simpatizo.
Embora simpatize, questiono Deus, então, fica meio difícil pra mim.
Tudo fica difícil pra mim!
Bom, alguns amigos espíritas (médiuns e praticantes) conversaram muito comigo desde que você se foi.
Já falamos muito sobre isso, né, Bi?
Você sabe bem que eu só acredito porque coisas acontecem comigo.
Reluto em ir ao centro porque sei que algumas coisas podem acontecer, e não sei se quero.
Embora acredite, não tenho a ansiedade natural dos vivos em receber uma carta psicografada.
Tenho a certeza mais ‘cor de rosa e brilhante’ de que tudo entre nós foi dito, tudo foi vivido e nada foi deixado pra trás.
Absolutamente nada!
E você sabe como fazer caso queira falar comigo.
Sempre soubemos...
Hoje, enquanto lavava a garagem, ouvi alguém me chamando dentro de casa:

- Mãeeeeee...

Achei que fosse a Ivy, mas quando fui responder, saiu da minha boca em um belo e sonoro berro:

- Me chamou, Bianca?

No mesmo momento, parei e olhei em volta pra me certificar de que nenhum vizinho havia presenciado aquilo.
Fui até a sala e perguntei para a Ivy se ela estava me chamando.
Recebi uma resposta negativa.
Coisas que acontecem com quem tem a saudade do tamanho da minha.
Vi você dentro de casa hoje e, agora, enquanto escrevo isso, a televisão da sala acabou de ligar sozinha.
Obrigada, meu amor.
Ah... Já ia me esquecendo de contar: pintei o quarto da Ivy do jeito que você me pediu.
Eu te amo!
Tem gente que vai ler isso aqui e vai achar que estou ficando maluca...
E quer saber?
Talvez esteja mesmo!

AO ASSASSINO

“SOFRO A CADA DIA, CHORO A CADA MOMENTO, REFLITO A CADA ESTANTE, A VIDA ME CASTIGA A CADA MINUTO, PESSO PERDÃO NÃO SÓ PARA VC BIANCA E SIM PARA SUA FAMILIA, ORO, TOMO REMEDIOS DEPRECIVOS MAS QUANDO FECHO MEUS OLHOS TE VEJO, SEI QUE VC ESTA BEM AONDE ESTA AGORA, TENHO VONTADE DE PROCURAR SEUS PAIS, ME AJOELHAR EM SEUS PÉS E PEDIR PERDÃO, VC SABE DISSO, MINHA VIDA ACABOU, TENHO MEDO DE SEUS PAIS E SEU IRMÃO NÃO ENTENDEREM E CAUSAR MINHA MORTE, NÃO DESEJO QUE ELES SE TORNE ASSACINOS, GOSTARIA DE TER CIDO EU NÃO VC ME PERDOE QUE DEUS CUIDE DE VC COM TODO O CARINHO E AMOR, POIS VC MERECE ADEUS”


Isso aí apareceu como comentário no blog da minha prima, numa postagem onde ela escreveu sobre a morte da Bianca.
Coincidência, ou não, um dia antes disso aí ser postado, a filha do assassino me adicionou no Orkut.
Tenho, pra mim, que ela fez isso só pra poder ter acesso aos meus álbuns e poder ver minhas fotos.
Se fez isso a pedido do pai assassino não sei, nem me interessa.
A menina nada tem a ver com isso.
Mas tenho a curiosidade extrema de saber se foi esse sujeito mesmo quem escreveu isso.
Pela burrice do texto, comparada à forma como escreve em seu próprio perfil no Facebook e Orkut, pode ser que seja ele mesmo.
Se não foi ele quem escreveu, não posso (e nem quero) imaginar quem faria uma brincadeira como essa.


Ao assassino:

Você é o homem que estava naquele fusca desgraçado numa tarde chuvosa, trafegando a uma velocidade incompatível com a regulamentada numa rua de bairro (40 km/h), que fez uma curva nessas condições e que, perdendo o controle do carro em decorrência dessa imprudência, achou mais confortável dizer que o volante travou.
Quando se está em uma situação de emergência ao volante a uma velocidade baixa, pisar no freio talvez funcione.
Mas quando se está a uma velocidade alta, embalado pela descida da rua de onde você veio... Aí nem sendo muito piloto, né, seu idiota?
Você é o homem que invadiu a calçada onde minha filha estava.
Você é o homem que MATOU minha filha.
Pronto.
Seu pedido de perdão me ferve o sangue.
Mate-se.
Seria digno...
Talvez eu o reverencie por isso.
Seu pior tormento ainda não é nada comparado ao meu, portanto, cale-se.
Você sabe muito bem a que velocidade estava quando fez a curva.
Você estava correndo e nós dois sabemos disso.
E é com essa verdade que terá que conviver pro resto desta sua imunda vida: você É o ASSASSINO de Bianca Lamara Calegari.
Você!
Eu lamento muito por você não ter se machucado, lamento por não ter sofrido uma amputação ou uma lesão bem séria.
Lamento você ter saído ileso enquanto minha filha agonizava naquela calçada.
Tua sorte foi eu não estar ali naquele momento, senão eu mesma teria me encarregado de te mandar pro hospital nas condições em que deveria.
Eu te odeio com todo o ódio e fúria que uma mãe pode sentir, e saiba que isso é MUITO.
Fique longe de mim, fique longe da minha casa, mantenha-se afastado dos irmãos da tua vítima.
Ninguém aqui vai te matar, e saiba que você deve sua vida EXCLUSIVAMENTE aos meus outros dois filhos, e só a eles.
Por causa deles, nunca fui atrás de você.
Por causa deles, neguei aos amigos da Bianca o seu nome e o seu paradeiro.
Não quero ninguém atrás de você, não quero que ninguém te mate.
Adoraria que você mesmo fizesse isso... Seria lindo!
Se isso nunca acontecer, que ao menos você enlouqueça em seu remorso cada vez em que olhar para sua própria filha e se dar conta de que, a menina que você MATOU, tinha a mesma idade dela.
Sabe o que eu faria se a Bianca tivesse sido atropelada no meio de uma rua qualquer, atravessando fora de uma faixa de pedestres?
Ficaria arrasada do mesmo jeito, mas, acredite, eu seria a primeira pessoa a te procurar e dizer que fora uma fatalidade.
Tiraria a culpa de seus ombros.
Mas não é o caso, e nós sabemos muito bem disso...
Tenho plena lucidez de que acidentes acontecem, assim como os ASSASSINATOS.
E, assassinato, seu lixo, foi o que VOCÊ cometeu.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A TATA ME DEIXOU SOZINHA

Todos os dias, ao final das aulas, a professora da Ivy entrega uma folha sulfite para que cada criança faça um desenho ou qualquer outra coisa que tenha vontade.
Às vezes, a Ivy traz a folha pra casa e desenha algo enquanto assiste televisão.
Outras vezes, escreve pra você.
Dia desses, ela trouxe uma cartinha pronta que fez em sala de aula, e disse que, de vez em quando, pensa tanto em você que tem vontade de chorar lá mesmo.


Nem preciso dizer que fiquei mortificada ao ler isso.
Pra ela, é muito difícil 'engolir' sua ausência...
Quando li essas palavrinhas, tratei de improvisar uma bela palhaçada pra que ela não se entregasse ao choro:

- Ah, dona Ivy! Quer dizer que a senhora está sozinha? E eu? Eu não existo? Sou invisível? Você nem liga pra mim? Só quer a Tata? Só serve a Tata? Buááááááááá...

Aí, fingi estar chorando de forma cômica, até que ela entrasse na brincadeira e caísse na risada.


Não é fácil pra ela, não é fácil pra mim, não é fácil pra ninguém.
Busco, dia após dia, permanecer no caminho da sanidade para melhor criar seus irmãos.
Te amo loucamente, minha delicinha...

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

24 DE SETEMBRO, SEU ANIVERSÁRIO


Há 1 ano, seu aniversário de 15 anos.
Eu, dentro do meu orçamento esmagadinho, fiz algumas propostas pra gente comemorar.
Pra variar, nada estava bom para a senhora!
Propus fazermos um boteco em casa.
Proposta aceita.
Entramos em acordo de que você chamaria os amigos mais chegados, que eles dormiriam em casa e que eu faria as batidas e compraria os petiscos do ‘boteco’.
E assim foi.
Na manhã seguinte, quando acordei, desci as escadas olhando a sala do alto e tive a certeza: era a visão do inferno!
Gente dormindo em todos os cantinhos, a maior bagunça e eu nem sabia sob qual edredom estava você.
Nem importava! Sabia que você estava ali...
Você postou no seu FOTOLOG sobre seu aniversário, e quero dizer que é muito gratificante ler que ter estado ao meu lado (e da Lau) nesse dia, foi o que importou pra você.
Eu te amo de um tamanhão imenso!
Dia 24 de setembro você não fará 16 anos.
Dia 24 de setembro não teremos ninguém dormindo no meio da sala.
Não pediremos a pizza da noite de aniversário como de costume, nem comeremos brigadeiro de colher.
Espero ter a tranqüilidade necessária para passar por mais este dia sem você ao meu lado e sem enlouquecer.
Estou contigo todos os minutos do meu dia, a cada respiração.
Amo você demais, minha piriguete delicinha!


:]25/09/10
aaaah , ontem foi muuuuuuito bom *-----*
meu aniversário, meus 15 anos ..
eu tava do lado da minha bé e da minha mãezinha linda , e é só isso qe importa .
o ju,o alex,o carlinhos,a lau 1 , a lau 2 e a rhá souza linda , dormiram em casa,
ganhei presentes na escola , comi muuuuuuuito chocolate , e fizemos a noite da pingaiada ontem. fiqei bebada e a noite foi muuito boa ~~ , haha'
hoje acordamos cedo pq os meninos tinham qe ir trabalhar, 6:00 da manhã , em pleno sabado *o* aí a gnt volto e dormiu até meio dia,a rhá e a lau 1 foi embora, eu fiz chapinha na bé e em mim , pq tem festa da ná linda hoje ~~. muuuuuuuito funk . haha . :]
é isso , dps conto como foi a festa . *--------------*


beeeijos s2

terça-feira, 20 de setembro de 2011

EXIBICIONISMO?


"E dor a gente sente não precisa ficar gritando pra todo mundo saber, isso não passa de exibicionismo. Vai procurar ajuda porque está doente".

Essas simpáticas palavras são da sua (igualmente simpática) 'tia Lili'.
A sua simpática tia que, ao pegar você no colo na maternidade, se limitou a dizer que seu cabelo era feio.
Belas palavras pra se dizer ao lado de uma mãe que acabou de ter um filho...
Enfim... Ela deve carregar certa amargura por não ter sido mãe, portanto, acho que devo perdoá-la pelos comentários infelizes.
Estou doente sim, como nunca estive antes em toda minha vida.
Ela tem toda razão.
Meu corpo dói, minha alma dói.
Visto uma máscara de super mãe todos os dias quando acordo e, com primor, zelo pela saúde física e mental dos seus irmãos com uma serenidade digna de um 'Oscar'.
Sobre 'gritar a minha dor', ninguém se exibe em desgraça.
Este blog me aproxima de você a cada texto que escrevo.
Me sinto falando contigo, minha loira...
Minha ajuda? Meu retorno?
Peço licença às pessoas que me escrevem pra compartilhar aqui um pouquinho do tratamento que tenho recebido:






Pois bem... Esse é o tratamento que tenho recebido para a doença que tenho nesse momento.
Tratamento de amor e de carinho das pessoas que lêem o que escrevo e que espremem os verbos ‘compartilhar e agregar’ até a última gota.
Se ela acha que o blog é puro exibicionismo, ela que vá se foder.
Não preciso da aprovação dela pra decidir o que escrever aqui ou não.
O que vale, de verdade, é o amor que sinto por você, o conforto que recebo das pessoas que aqui visitam e que, em muitos casos, nem te conheceram quando viva.
Isso prova que, muitas vezes, a mão mais amiga pode ser anônima.
Amo você, delicinha!

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

FOTOGRAFIAS




Ontem, tive uma noite bastante inquieta.
Dores pelo corpo, acordando constantemente com suas gatas dormindo em cima de mim.
Não há uma só noite em que eu não sonhe.
Nesta noite, particularmente, meus sonhos foram desconexos e fragmentados, cujo ápice, como que encerrando um episódio sem sentido, foi ver a mim mesma diante de um álbum de fotografias que contava a história da sua vida.
Eram fotos grandes, apenas uma por página.
Você bebê, você com seu pai, você diante de um bolo de aniversário...
A cada fotografia vista, um choro desesperado e dolorido.
Algumas páginas estavam em branco, como se as fotos tivessem sido tiradas dali por alguém.
Abreviações de uma vida...
Tenho me tornado uma pessoa apática.
Ando tão desesperada de tristeza, tão angustiada com a tua ausência que não sou capaz de prospectar um futuro feliz pra minha vida.
Não estou conseguindo seguir o que prego, não estou.
Hoje acredito que pessoas podem morrer de tristeza.
Tenho tido fobia de pessoas. Meu celular toca, não consigo atender.
Não quero sair, não quero ter que rir, não quero fazer de conta que estou dando a volta por cima.
Não quero e não consigo, porque simplesmente não estou!
Estou tomada por uma dor indescritível, dor esta que me faz chorar na rua, no banco, na fila do mercado ou qualquer outro lugar onde esteja.
Quero deitar e dormir, porque dormir faz com que eu não sinta o tempo passar.
Rogo por uma amnésia, pois quem não se lembra, não sofre.
Meu corpo tem funcionado de maneira lenta, claramente desacelerando...
Aos poucos, percebo minha rendição.
Que não me venham falar em psicólogos ou psiquiatras, a menos que estes possam me devolver você.
Algumas coisas não são escolhas nossas.
Já outras...



“Maldito seja você, assassino desgraçado!
Olhe bem as fotos da minha filha que você ASSASSINOU.
Eu sei que você visita o blog, sei que você lê o que escrevo.
Que a imagem dela o atormente tanto, tanto, tanto, que o faça se matar.
Não tenho dó de você, nem senti pena do que comentou no blog da minha prima (se é que foi realmente você quem escreveu aquilo ali).
Covarde...
Que fique mesmo só no seu pensamento de criminoso a idéia de bater na minha porta pra pedir perdão à todos nós.
Não terá meu perdão, só terá o meu eterno ódio.
Vamos aguardar a quantidade de 'cestas básicas' que você terá que pagar como forma de punição ao crime que cometeu.
Aí, então, depois disso, com CERTEZA, conversaremos."

terça-feira, 6 de setembro de 2011

BILHETINHO PRA MAMÃE


Amor...
Tenho muita coisa pra escrever aqui, mas não farei isso hoje porque realmente não quero chorar.
Encontrei esse bilhetinho em casa, e tive saudade dos outros bilhetes que vc 'colava' no meu celular só pra ter a certeza de que eu os leria!
Bi, aquela listinha que vc fez está, aos poucos, se cumprindo.
Mas sempre faltará você!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

SEIS MESES


Seis meses sem você.
Seis meses sem mim.
Seis meses que não durmo, que não fico feliz, que não tenho vontade de nada.
Seis meses que espero o B.O. virar processo e ainda NADA!
Seis meses que eu rogo a desgraça do teu assassino.
Seis meses que teu irmão não tem mais a melhor amiga.
Seis meses que tua irmã não tem a quem chamar de 'Tata'.
Seis meses que ouço que o Deus ignóbil (que todos crêem) sabe o que faz.
Seis meses que mando silenciosamente algumas pessoas se foderem.
Seis meses que finjo ser forte.
Seis meses que me levanto da cama pensando em me entupir de remédios pra morrer mais rápido.
Seis meses que pondero o que tenho a perder (ou não).
Seis meses...
Meio ano...
O resto da minha vida.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

APONTAMENTOS


Dia desses, antes de dormir, num momento de aflição falei em voz alta:

- Ahhh Bianca, me dê uma luz! O que eu faço, hein? Cade você pra me apontar a direção?

Aí, você, obediente como sempre foi, veio me visitar em sonho.
Você nos reuniu na sala de casa (eu, seu pai e seus irmãos), sentou ao lado da televisão e, sorrindo pra mim, disse:

- Mãe, aqui é o seu lugar.

Desde então, tenho pensado em algumas coisas.
Alguns sonhos são simplesmente sonhos.
Outros, são apontamentos.
Acredito nisso.
Você também acreditava...
Só quero que saiba que entendi seu recado, e estou tentando fazer com que as coisas aconteçam.
Obrigada por segurar minha mão... Seu pai me contou!
Coisas acontecem, né?
Ah, estive com a Laura anteontem.
Eu a encontrei por acaso, e é estranho olhar pra ela sem você estar ali ao lado.
É exatamente como aquela música que a gente sempre adorou: “Avião sem asa, fogueira sem brasa, sou eu assim sem você”...
Falta um pedaço.
Falta um pedaço em mim, nela e em todo mundo que tinha você no coração.
Se você estivesse aqui hoje, acho que teríamos um daqueles dias de ‘mãe em fúria’.
Queria te contar que mais um dos seus queridos foi preso.
O seu preferido foi 'visitar' a Fundação Casa.
Como você pôde ser tão idiota?
E mais uma vez, te diria:

- Eu sabia que ele era um lixo, você achou que estava enganando quem?

Tenho muita pena da mãe dele.
Às vezes, fico pensando se é pior ter um filho morto ou um filho bandido...
Eu amo você e seus irmãos com toda a força do mundo, mas se um de vocês caísse na bandidagem, eu viraria as costas no mesmo momento.
Sem dó.
Por isso, quero que a Laura acorde.
Quero que ela conviva com gente boa, gente que tenha uma ambição mais saudável do que ‘ganhar a vida’ vendendo crack.
Falei pra ela se olhar no espelho com carinho e pensar no futuro dela.
Espero que ela me ouça...
Lavei seus bichinhos de pelúcia. Seu pai montou um ‘altar’ com eles, e eu não gosto disso.
Alguns, eu já tinha lavado e guardado, mas ele os pegou de onde estavam e colocou um em cima do outro na prateleira do quarto.
Cada vez que eu colocar os pés em casa, vou desfazer um pouco desse culto às suas coisas.
Você está dentro do meu coração, e deve estar dentro do coração dele também.
Suas coisas serão guardadas...
Nossos bichos estão lindos!
A Morgana, carente.
A cozinha, vazia.
Num determinado momento, debrucei no balcão e reparei que as nossas cadeiras estavam afastadas da mesa, como se nós duas estivéssemos acabado de levantar dali e as deixado displicentes no meio da cozinha.
Saudade de você...
Saudade do seu cheirinho...
Saudade de você viva.



segunda-feira, 22 de agosto de 2011

VOLTANDO AO CEMITÉRIO


Ontem, quase 6 meses depois de sua partida, fui com seu pai e com a Ivy ao cemitério.
Na verdade, fomos procurar um lugar para fazer uma plaquinha com seu nome e uma foto arrasadora pra colocar no túmulo, porque aquilo ali tá meio derrubado e cheio de fotos de gente feia!
Seu pai comprou dois vasos de flores e fomos levá-los para você.
Chovia, como no dia do seu enterro.
Ficar ali parada, diante do lugar onde você está enterrada, é enlouquecedor.
Dá vontade de quebrar tudo e tirar você dali.
Ao mesmo tempo, sei que ali dentro não tem mais nada e, por essa razão, não me faz muito sentido freqüentar o cemitério como parte de uma rotina de tortura.
Flores brancas, foi isso que levamos até lá.
Um dos vasos foi levado pela Ivy, que chorou um chorinho silencioso e dolorido de saudade.
Difícil aceitar, impossível me conformar...
Você, tão linda, tão cheia de vida, tão cheia de vontades, ter a vida interrompida da forma que teve... Não adianta que NUNCA vou aceitar.
Podem ficar aí falando que o tempo ameniza, o tempo conforta, que o tempo... tempo... tempo...
Tão cansada estou desses papinhos furados...
Já escolhemos a foto que faremos, já está decidido que nenhuma cruz será impressa ali, bem como nenhuma maldita frase bíblica.
Faremos como você gostaria que fosse feito: a frase será sua.
Minha linda, sinta-se abraçada por mim.
Sinta-se em meus braços, com todo o cafuné que você gostava de ganhar...
Eu te amo demais.


quinta-feira, 18 de agosto de 2011

SEUS ANÉIS


Nunca havíamos ficado tanto tempo separadas como quando você passou aqueles infinitos dias com a tia Erika na praia no final do ano passado!
Fiquei perdidinha sem você.
Mesmo sabendo que você estava curtindo horrores a viagem, minha saudade louca fazia com que te ligasse a todo momento.
Você ria de mim dizendo que eu era tão carente que não era capaz de ficar uma hora sem te ligar!
E quer saber?
Não era capaz mesmooooo!
Mas, como não era eu a única ‘carente’ da história, você, em meio a tantas mensagens no meu celular dizendo que a saudadinha da mamãe fazia doer seu peito, disse que queria voltar pra casa pra comer minha comida!
Disse que a tia Erika e o tio Emerson faziam tanto por você que você acabava ficando até com vergonha!
Tonta...
No dia em que você voltou pra casa, me ligou ainda de dentro do ônibus dizendo que tinha alguns anéis novos que eu ia amar, mas que não me daria de jeito nenhum.
Quando chegou em casa, correu para mostrá-los.
Olhei pra eles, coloquei todos nos meus dedos e te encarei, enquanto você dizia: ‘Nem vem, mãe, pode me devolver!’.
Me lembro que caí na risada e disse que por mais que eu tivesse carinha de 20 anos, esses anéis eram incompatíveis com a minha tatuagem...
Uma bruxa jamais usaria anéis com florzinhas coloridas, a menos que essa bruxa tivesse 15 anos!
Você os pegou de volta, aliviada por eu não ter ‘roubado’ nenhum.
Seus anéis estão comigo agora, todos guardados numa caixinha que você ganhou da tia Lili.
Esse anel de pedrinha caramelo, foi o Fer que te deu.
Você gostou tanto que correu nas minhas coisas e se fez dona de um brinco que combinava com essa pedra.
O brinco também está guardado.
A Ivy diz que, tudo que está guardado ali, é herança que você deixou pra ela. E espera, a cada dia, que seus magrelos dedinhos ganhem o tamanho necessário para usar suas coisinhas.
Amamos você!


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

MORGANA E SUAS 14 VIDAS


Ontem, passei o 'dia dos pais' na nossa casa.
Seu irmão já estava em Sorocaba desde sexta-feira, mas como a Ivy só pode viajar com alguém que seja maior de idade, acabei indo com ela ontem pela manhã.
Seu pai nos buscou na rodoviária e, quando chegamos em frente nossa casa, um grande susto: a Morgana estava completamente dentro da boca da Dasha!
Como assim?
Você sabe o quanto a Morgana se considera uma 'gata destemida' e, ontem, ela decidiu que poderia invadir o território da Dasha, dar um passeio pela garagem e, ainda assim, virar sua melhor amiga de infância.
A Dasha já se deu conta de que pode engolir a Morgana se assim quiser, mas a Morgana ainda se sente um ser gigante diante dela (mas esse tempo já passou!).


Após muita gritaria pra tentar separar as duas, seu pai conseguiu abrir a boca da Dasha e tirar sua gata dali.
Tive até medo de olhar.
Perder a Morgana, que era sua sombra, sua companheira e seu mimo mais fiel, seria como perder você de novo.
Mordida de Pitbul não é como mordida de poodle: esperei o pior quando olhei pra ela.
Morgana estava absolutamente desnorteada, tinha um pouco de sangue numa das patas e estava absolutamente urinada.
Imaginei como estaria a pobrezinha por dentro... Ela mal podia andar.
Seu pai me deu um paninho úmido com um pouquinho de sabonete e eu passei no corpinho dela bem devagar com medo que sentisse dor.
Como ela tremia!
Deixamos que fosse se lamber num canto e ficamos observando.
Me lembrei do sangue na pata, e que também não havia encontrado nenhuma lesão externa no corpo dela.
A Dasha! Só podia ser sangue dela!
Fui olhar o estrago que nossa valente felina havia feito em nossa covarde canina.
A Dasha estava com a cara toda arranhada, por pouco a Morgana não arrancou seus olhos. Ela tem, agora, além de seus bigodes em forma de pêlos, alguns bigodes em forma de arranhões.
Cães e gatos não são naturamente amigos, e com o espírito 'aventureiro radical sem noção' da Morgana já deveríamos estar preparados para algo como isso que aconteceu.
Ela está bem agora, já sobe as escadas, pula na mesa e se enfia no meio do edredom na cama alheia.
Se gato realmente tem sete vidas, a Morgana já está tomando mais algumas emprestadas com algum agiota.
Tive medo de perde-la.
Tive medo de perder você de novo.
Eu falo com ela como se ela fosse você.
Antes de voltar pra cá e deixar nossa casa, eu a peguei e me despedi com um beijo.
Ela era muito mais antipática quando você estava conosco.
Agora que ela não a tem mais, se consola no colo de quem se dispuser a fazer-lhe um carinho gostoso.
E eu sempre farei.
E farei como se ela fosse você.


sábado, 13 de agosto de 2011

VOCÊ SE CONSIDERA POBRE?

Meu anjo...
Cada vez que reviro gavetas, cadernos, coisinhas suas, encontro algo que me surpreende e me deixa com mais vontade de te apertar.
A gente sabe bem o que passou nos últimos anos, e sabe também o quanto seu poder de compreensão sempre foi determinante para que tudo ficasse mais ameno.
Por essa razão, você sempre foi recompensada tendo suas vontades atendidas.
Nem sempre atendidas exatamente na hora em você queria, é bem verdade!
Mas, sempre atendidas.
Eu te amo e me orgulho demais do caráter que ajudei a formar em você.


domingo, 7 de agosto de 2011

POSSO TE LIGAR?


Bi, minha linda...
Hoje saí com seu irmão.
Fomos ao shopping, comemos no Mc Donald’s e fomos à C&A.
Comprei algumas coisas pra ele e pra Ivy, muito mais pra lhes fazer um carinho do que por necessidade.
Não tive como não pensar que, no dia em que tudo aconteceu, faríamos exatamente um programinha como esse.
Somente eu e você, num programinha de meninas.
Eu ainda entro nas lojas olhando roupas pra você, ainda falo em voz alta quando acho que você iria gostar de alguma coisa e, hoje, quase chorei diante de uma jaqueta que era sua cara.
Comemos em silêncio, eu e seu irmão, enquanto o shopping ‘fervia’ em volta de nós.
Em meio a esse silêncio, imaginei sobre o que estaríamos falando se você estivesse sentada ali no lugar dele.
Certamente, demoraríamos o triplo do tempo para comer em troca de muita ‘falação’.
Essa semana, estive com uma pessoa que você não teve tempo de conhecer.
Uma pessoa que te conheceu apenas no teu velório, mas que, ali esteve, com um sentimento de amor muito especial por nós duas.
Uma coisa aconteceu quando eu estava com ele, uma daquelas coisas engraçadas que só poderia acontecer com uma de nós.
Meu pensamento imediato sempre é em você!
Já me surpreendi com o celular em punho pra te ligar e contar algo assim...
Tem horas que não me dou conta de que você não atenderá ao telefone.
Da mesma forma que tive vontade de compartilhar o engraçado, tenho vontade de compartilhar o triste.
Hoje estou bem chateada com algumas coisas que aconteceram, e isso não posso dividir com seu irmão.
Ele não é menina que nem a gente.
Ele não saberia fazer aquela carinha de indignação e dar aqueles conselhos tão ‘gabrielísticos’ que você me dava.
Digo ‘gabrielísticos’ porque você me jogava de volta exatamente coisas que eu falava pra você.
Falar contigo era falar a um espelho!
Não estou triste hoje.
Estou com saudade...
Sinto-me como um bebê que ainda não aprendeu a andar, tentando encontrar o ponto de equilíbrio, sempre buscando apoio à própria volta.
Meu apoio são seus irmãos, e eles mal sabem disso!
Se eu pudesse escolher meu sonho de hoje, escolheria sonhar com você.
Escolheria sonhar o mesmo sonho do outro dia, onde nós simplesmente caminhávamos de braços dados, nos olhávamos com ternura e falávamos sobre o amor que nunca sairá de nós...

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

MINHA BEBEZONA


Sentada no sofá de casa, fiquei de frente para a porta da sala.
Fechei os olhos e imaginei você entrando, chegando da escola e sentando no meu colo.
Minha concentração foi tamanha que pude sentir seu peso sobre minhas pernas.
Foi como um daqueles ataques repentinos que eu tinha de pegar você no colo e fazer de conta que você era um bebezinho de 1,70m.
Foi como o dia em que nos embolamos na rede e morremos de rir porque mal cabíamos ali!
Era perna demais, braço demais, peito demais...rs
Ataques de riso que terminavam em ataques de tosse!
A Ivy, sempre tão possessiva, nos via juntas na rede e ficava ali, plantada ao lado, muito brava, porque nós a mandávamos embora para que não ouvisse nossas conversas.
Ela saía dali batendo os pés, com aquele tamanhinho de nada, e a gente se acabava de rir da cara dela!
Ah que coisa boa, que saudade boa...
Tenho aqui, comigo, um perfume que você gostaria de usar.
Certamente brigaríamos pela última gota se fosse preciso.
Sempre que vou usá-lo, abro o frasco e penso em você.
Penso em você 'roubando' minha sandália, usando meu rímel escondida e tomando banho com este meu perfume.
Sempre...
Loira mais linda!
Amo você...

terça-feira, 2 de agosto de 2011

JANTA COMIGO?


Estava na cozinha de casa, fiz aquele feijão bem clarinho que você adorava e coloquei, sobre a mesa, seu prato.
O prato azul que veio lá da casa do (seu) Vini, no dia de Natal, com uma sobremesa que a mãe dele mandou e que ninguém comeu!rs
O prato ficou.
E, mesmo depois do Vini não fazer mais parte da sua vida, o prato continuou contigo por todos os dias.
Era de uso exclusivo seu.
Olhei para o seu lugar vazio à mesa e fui remetida a uma lembrança onde você estava sentada naquele mesmo lugar, dias antes de nos deixar, se deliciando com um franguinho desfiado que fiz, com um arroz enfeitado(*) e uma salada de alface antes de ir para a gravação do programa da Ana Hickmann.
Nesse dia, você comeu com os olhos fechados como sinal de aprovação!
Lembrança nítida esta...
Posso ouvir você fazendo, repetidamente, o som que fazia durante aquele almoço: Hummmmm...
Sinto falta da platéia que você era para minhas experiências culinárias, Sinto falta de alguém que coma aspargos comigo e dos seus olhos fechados em agradecimento diante de um prato de estrogonofe de frango com arroz e batata palha.
Janta comigo hoje?
Amo você!


(*)ARROZ ENFEITADO: Nome inventado pela Ivy para designar qualquer arroz que esteja colorido por cenoura ralada, salsinha, ervilha, presunto picado, etc.

ALGUMAS MENSAGENS SUAS

Mensagens suas que ainda carrego no celular: a saudade que você estava de mim lá na praia, a constatação de que éramos mais idênticas a cada dia, seus aborrecimentos diários...
Que delícia era você na minha vida!
Dividímos saudade, amor e tristeza na mesma proporção...







Te amo, minha loira!

sexta-feira, 29 de julho de 2011

SEU PAI


Segunda-feira passada, voltei de uma ‘estadia’ de 10 dias em Sorocaba.
Como seus irmãos estão de férias, achei justo que o Nícollas passasse uns dias perto dos amigos e que seu pai ficasse mais perto dele e da Ivy, que resiste a ficar em Sorocaba sem mim.
Eu sei que certas coisas não devem mais ser ditas mas, pra mim, é tão difícil apagar algumas lembranças...
O entendimento que você teve sobre nossa separação não foi o mesmo que ele teve, e por isso as coisas se tornaram tão desgastantes entre todos nós!
Conseguimos, nesses dias em que estive lá, manter a civilidade em nome da felicidade da Ivy.
A levamos ao shopping, Mc Donald’s, cinema... Ela ficou realmente feliz!
Conversamos muito sobre você e, por momentos, não mais existia hostilidade entre nós.
E é assim que deve ser.
É assim que deve ser por você, por seus irmãos e por nós mesmos.
Seu pai fez uma tatuagem.
Tatuou no braço uma cartinha que você fez há tempos pra ele.
Um duplo gesto de amor: seu por ele ao fazer a cartinha e, depois, dele por você ao fazer a tatuagem.
Sei que um lado dessa paz tão necessária entre nós vai depender da minha capacidade de perdoar.
Sei também que, um outro lado, vai depender dele em relevar algumas coisas.
Se conseguirmos esse equilíbrio, mantendo em foco principal a felicidade dos seus irmãos, certamente vamos conseguir evitar que mágoas sejam revividas.
Filha, você me conhece melhor que qualquer outra pessoa.
Você, e só você, sabe quão leoa sou eu.
Por isso, te digo que vou tentar, dia após dia, deixar as lembranças ruins de lado e procurar fazer um futuro diferente.
Fazer um futuro onde seja possível unir meu amor por seus irmãos ao amor que seu pai sente por eles e, parceiros, ainda que separados, ampará-los pelo resto de suas vidas...

segunda-feira, 25 de julho de 2011

MÃES E FILHAS


Muita gente lê o que escrevo aqui.
Recebo emails de mães que não conseguem se relacionar com seus filhos, que não conseguem uma aproximação mínima com eles.
Recebo também emails de adolescentes que declaram uma admiração por mim pelas coisas que escrevo sobre a Bianca e sobre minha relação com ela.
Algumas meninas dizem que o sonho delas é ter uma mãe como eu...
Não exagero quando escrevo sobre a Bianca, minha relação com ela não se transformou milagrosamente numa relação brilhante e cheia de glamour só porque ela morreu.
Nós sempre fomos ‘grudadinhas e grudentinhas’, mas éramos, sobretudo, mãe e filha.
O que isso significa?
Mães e filhas brigam, discutem, se ofendem, discordam, ficam de mal...
Mães e filhas compartilham, muitas vezes com má vontade, pentes, maquiagens, roupas, bijuterias e sapatos...
Mães e filhas gritam umas com as outras e, vez ou outra, passam o dia sem se falar!
Minha relação com a Bianca era perfeita sim, principalmente porque incluía tudo isso aí que escrevi.
Dez dias antes dela falecer, tivemos uma briga fenomenal!
Eu a acordei gritando, no volume máximo que minha voz foi capaz de alcançar, porque sua gata havia feito coco no chão da minha cozinha.
Ela levantou da cama, desceu as escadas ‘pisando duro’ e berrando igualmente comigo.
Gritava que eu era louca, que não precisava fazer aquele escândalo todo só por causa do que a gata havia feito.
Dane-se.
Gatos não devem fazer coco na cozinha. Fato!
Ficamos o dia todo sem conversar, e ela passou a tarde escrevendo num caderno, que deixou sobre a minha cama propositalmente para que eu lesse.
E li.
Já revirei minha casa procurando esse desabafo pra postar aqui pra vocês.
Encontrei o caderno, porém, as páginas já haviam sido arrancadas.
Ela teve tempo de jogar fora as coisas que havia escrito sobre nossa briga, pois em meio ao desabafo que fez sobre mim, admitiu algumas coisas sobre ela mesma que certamente se arrependeu.
Mas isso não vem ao caso agora.
Sempre ensinei aos meus que não devemos dormir brigados, sem desejar boa noite e sem um beijo apertado.
Sempre falei que não saíssem de casa sem se despedir dos que ficavam, a gente nunca sabe o que pode acontecer.
Por essa razão, no dia da briga, depois de muita discussão e choradeira, nos abraçamos e nos beijamos selando aquele dia irritante com um delicioso “eu te amo”.
Não tenho nenhum manual que ensine o bom relacionamento entre mães e filhas, nem sei se existe uma regra pra isso.
As pessoas são tão diferentes!
O que funciona para um, nem sempre vai funcionar para o outro.
Acho que, entre mim e a Bianca, existia uma liga de cumplicidade gigantesca.
Havia, em torno de nós, uma aura de amor sem fim.
Não exagero quando digo que não deixamos nada pendente em nossa relação.
Brigávamos como cão e gato, mas nos entendíamos como duas amigas.
Se existe algum segredo que possa garantir o sucesso entre mães e filhas, esse segredo se chama amor.
Amor incondicional.
Amor eterno...


gabihort@gmail.com