Total de visualizações de página

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

DOR INCURÁVEL


Cada dia mais, tenho sentido sua falta...

A dor da ausência é incurável.

Tenho aprendido que algumas coisas nunca mudam, que alguns sentimentos nunca voltam e que, outros, nunca serão esquecidos.

Pelo bem dos seus irmãos, deixei, para trás, alguns sonhos.

Regredi, praticamente, todo o caminho percorrido até então...

Por eles, e só por eles, faço qualquer esforço!

Mas, às vezes, me pergunto até quando vou me anular e deixar de viver coisas que me façam feliz.

Preciso encontrar forças pra voltar ao trabalho, porque vou enlouquecer ficando em casa como uma ‘mulherzinha de antigamente'.

Você sabe que nunca fui assim.

Mas o que a gente não sabe é como a vida muda depois da perda de um filho.

Como minha vida mudou depois de ter perdido você!

Outro dia, me coloquei a arrumar guarda-roupa e papelada porque, ‘caso eu morresse subitamente’, ninguém precisaria ficar xeretando minhas coisas. E, quando vou dormir, sempre deixo uma troca de roupa ‘ajeitada’ no canto do armário para qualquer emergência noturna.

Esforço-me para não transferir meus medos aos seus irmãos.

Certamente, eles já têm os próprios...

Minha concentração não anda boa, minha cabeça tem estado em nós.

Tá tudo tão esquisito que, além dos esquecimentos terem se tornado uma constante, outro dia não conseguia separar três reais em moedas pra pagar um negócio na quitanda.

Contei, recontei e desisti: troquei uma nota de cinco.

Em meio a tanta dor, sinto falta de amar de novo.

Sinto a imensa falta de um colo que me assegure que tudo vai ficar bem.

Quero que alguém me convença de que as coisas vão melhorar, que alguém me acolha e me deixe, ao menos por um tempo, sem as preocupações das coisas práticas da vida.

Eu preciso me descabelar em paz, sabe?

Tem coisas que quero te falar e não te tenho mais aqui.

Aí, ouço de um monte de gente que você pode me ouvir, mas isso não me basta.

Isso NÃO me basta!

Já quis morrer, e ainda quero às vezes...

Mas penso que, se isso acontecesse, a Ivy ficaria desesperada e, o Nícollas, se tornaria um perdido.

Aí, desisto! Eu os amo demais para morrer e deixar que outras pessoas se encarreguem de cuidar do que é meu.

Sempre fui assim...

O que é meu, é meu!

Enquanto não morro, não piro de vez e não fujo dessa droga de vida, vou tentando desempenhar meu papel como posso.

Mesmo com meu coração moído, te amo a cada minuto do meu dia!

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

IMPOSTORES DA PSICOGRAFIA

“Meus queridos pais e irmãos:
Aqui me encontro na paz e no amor de Jesus.
Estou cada vez melhorando.
Não é fácil sair de uma vida e acordar em outra, mas, graças a Deus, estou vencendo as dificuldades que aqui encontrei.
Benfeitores amigos muito tem me auxiliado.
Peço a vocês maior aceitação, pois nada nos acontece por acaso. Tudo tem hora e momento certo.
Vamos esquecer o que me fez a volta para a nova vida.
Ainda necessito de cuidados , mas peço, confiem na Bondade de Deus. Tudo está bem, eu preciso da compreensão de todos, a vida continua.
A morte é apenas uma transformação em nossas vidas (estou viva, não pensem que estou longe. Estamos juntos nas preces que fazemos a Jesus).
Fiquem bem, volto outro dia.
Saudades são tantas que às vezes me sinto aí em seus braços.
Deus nos ampare a todos.
Aqui fica o coração dessa filha que tanto os ama sempre.
Beijos a todos.
Sua Bianca.”



Há algum tempo, comentei aqui sobre minha ida a um centro espírita.

Apenas comentei.

No impulso daqueles que duvidam, fiz uma busca no Google e encontrei uma relação de centros que atuam por aqui, ajudando ou enganando pessoas.

Queria encontrar um centro que tivesse um dia dedicado à psicografia.

Não estava buscando uma ‘carta’ da Bianca, mas já que era pra ir ao centro, que fosse pra matar minha curiosidade justamente num dia onde os trabalhos fossem dedicados a isso.

O primeiro centro que liguei, de cara, já ganhou 1000 pontos comigo.

A pessoa com quem falei, disse que, naquele centro, não existia psicografia, pois era muito difícil encontrar um médium que tivesse tal dom e que fizesse um trabalho sério.

Ponto pela franqueza!

No segundo centro, a pessoa informou que as sessões de psicografia aconteciam ali uma vez por mês.

Não só aconteciam uma vez por mês, como também haveria uma dessas dentro de três dias.

Não perderia isso por nada!

Me pediram pra fazer uma ‘refeição leve’ no dia anterior e levar o atestado de óbito da Bianca pra preencher uma ‘ficha’ com seus dados na recepção.

Me senti insultada...

Ficha?

Atestado de óbito?

Peraí!

Se o centro espírita possui médiuns capazes de transcrever mensagens de um morto, por que diabos precisam de uma ficha com tais informações?

Pois agora é que eu não perderia isso!

Cheguei ao centro no horário marcado e me surpreendi com o que vi.

Era um salão de tamanho razoável que abrigava, além das 80 cadeiras (eu acho) designadas aos pobres coitados que buscavam conforto através de uma carta de seus mortos, uma mesa enorme rodeada por 14 cadeiras.

Estas eram as cadeiras dos ‘médiuns’.

Para tudoooooo!

Como é que num centro a pessoa diz que é raro encontrar um médium sério que faça psicografia e, no outro, dou de cara com uma ninhada deles?

Alguém estava mentindo.

Não preciso dizer que fiquei sentada quase no colo de um deles, né?

Sobre aquela mesa enorme, várias folhas em branco, canetas, lápis, borrachas e copos com água.

No ambiente, aquela musiquinha instrumental irritante que dizem nos fazer relaxar.

Depois de algum bla bla bla dito por um senhor sobre o ‘pai nosso’ ensinado pela igreja católica, entraram naquele espaço os ‘14 gênios manipuladores do sentimento alheio’ e donos das cadeiras em torno daquela mesa.

Sentaram-se.

Cada uma dessas 14 pessoas tinha em mãos um montinho daquelas fichas preenchidas na recepção.

E como numa brincadeira de esconde-esconde, no típico ‘1, 2, 3, lá vou eu’, eles começaram a escrever.

Pegavam uma ficha, liam os dados do morto e escreviam a carta.

Eles ainda tinham uma chance de conquistar minha credibilidade: eu precisava sair dali sem receber carta nenhuma.

Aquela cena estava indo contra tudo o que eu havia lido a respeito.

Havia acabado de completar 1 ano do ‘desencarne’ da Bianca, e qualquer ‘espírita realmente espírita’ teria dito: “É cedo demais pra uma comunicação”.

Enquanto eles escreviam, eu esticava o pescoço pra ter a certeza da fraude cometida ali.

Depois de horas escrevendo, uma senhora finaliza os ‘trabalhos’ entregando uma carta a cada um dos presentes.

Isso mesmo!

TODOS que ali estavam, receberam uma mensagem denominada CARTA PSICOGRAFADA.

Ali estavam pessoas que carregam a dor do luto, da tristeza e da saudade, e muitas saíram daquele lugar com a certeza de que conseguiram um contato com seus entes.

Alguns podem dizer que eles, de certa forma, saíram do centro confortados pelas palavras consoladoras das cartas.

Eu, particularmente, não creio que as pessoas tenham o direito de tripudiar diante da fé de ninguém.

As pessoas que estavam ali esperavam, sim, receber um acalento.

Mas quando isso é feito de forma impostora, os responsáveis deveriam receber uma punição.

Sei que algumas pessoas vão me dizer pra não generalizar, e não é isso que estou fazendo.

Por isso, podem me poupar dos sermões!