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domingo, 30 de dezembro de 2012

CIRANDA DE PAIS


Dia desses, no carro, a Ivy me perguntou:

- Mãe, onde era mesmo que a Tata sentava aqui no carro?

Quando eu dirigia, ela era minha carona. Sempre ao meu lado.
Quando eu era a carona, ela sempre se sentava no banco de trás, bem atrás de mim.
Não tem como esquecer, pois além de ficar mexendo no meu cabelo, a gente trocava olhares e risos via retrovisor a cada 'gatinho' que passava no carro ao lado.
A Ivy duvidou, discutiu e nada a convenceu.
Percebi que algumas coisas começaram a se desmanchar em sua memória...
Apesar de ser natural, isso me deixou um pouco abalada.
Nesses últimos dias, estou absolutamente derrotada.
Não por causa do natal, o segundo sem ela...
Natal, pra mim, não faz sentido algum além da comilança infinita na casa da minha vó e das crianças se acabando de ganhar presentes.
Mas o ano novo... Esse sim me destrói!
Não sei como as outras 'mães órfãs' se sentem sobre isso.
Sinto como se estivesse rodeada por pessoas - familiares e amigos - folheando um grosso livro de memórias pertencente à uma vasta enciclopédia sobre a vida da Bianca.
Cada página, cada ilustração, cada frase, cada acontecimento... Tudo isso está ali.
De repente, no dia 31 de dezembro, termino de ler a última linha de um desses livros e, inevitavelmente, preciso fechar a contracapa.
Nesse momento, quando fecho o livro, o número de pessoas interessadas por essa história, é reduzido à metade.
No dia 01 de janeiro, sei que vou começar a folhear mais um volume dessa enciclopédia com a mesma saudade, com a mesma indignação e a mesma dor.
Sei, também, que a platéia sentada a meu redor, estará diminuta.
A cada novo volume iniciado todo dia 01 de janeiro pelos próximos anos da minha vida, será assim.
Cada vez menos gente em torno da minha poltrona, até que passarei a fazer a leitura de maneira silenciosa.
Isso também é natural!
Só gostaria que passasse rápido...
Estou falando da minha vida.
Queria que passasse rápido, acabasse rápido e que a senilidade se abrigasse em mim antes da hora...
A vida de uma mãe órfã navega entre o sensato e o hediondo com a mesma naturalidade e direito, e passa a ficar à deriva sem saber onde aportar.





Um grande abraço à todas aquelas pecinhas que formam o imenso 'MOSAICO DE HISTÓRIAS' da campanha NãoFoiAcidente.
Formamos um grande grupo de luta por uma mesma causa e, mesmo que não tenhamos o contato físico tão fundamental para que algumas pessoas rotulem o outro como amigo, temos uma coisa muito maior.
Nós conhecemos, entendemos e não julgamos a dor do outro.
Nos ouvimos, nos apoiamos e tentamos fazer a diferença para que chegue o dia em que esse 'MOSAICO' pare de crescer.
Rosmary Mariano, obrigada por fazer essa ponte entre todos nós.
É estendendo a mão à quem está ao nosso lado que conseguimos formar uma imensa ciranda.
E esta, em breve, terá sido a ciranda responsável pela mais persistente campanha com resultados efetivos nesse país: www.naofoiacidente.org



sábado, 8 de dezembro de 2012

VOCÊ CONHECE UMA MÃE QUE PERDEU UM FILHO?


Você conhece uma mãe que perdeu um filho?
Então telefone pra ela, conte-lhe sobre um filme que você assistiu!
Com certeza ela não vai se interessar pelo que você está contando, mas vai se lembrar que alguém ligou pra ela.
Passe na casa dela!
Eu sei..... É desagradável visitar alguém que sofre, mas diga que está com pressa, minta...
Ela nem vai perceber que você está mentindo...
Abrace-a!
Um abraço apertado, gostoso... Se ela molhar sua roupa, tudo bem! É só lavar depois.
Se você fizer um bolo, leve um pedaço pra ela!
Um bolo nunca mais terá gosto de festa, mas pode ter gostinho de amizade.
Deixe que ela fale sobre seu filho. Vivo ou morto, é o filho dela!
Ela tem saudade, ela tem lembranças, ela tem que viver!
Sobra tão pouco pra uma mãe que perdeu um filho, que independente de quantos ela tenha, um simples sorriso pode iluminar seu dia!
Você sabe o que é solidão?
Não?
Então, lembre-se dela.
Não diga o que ela tem que fazer!
Ela não tem que fazer mais nada...
E jamais diga: " Esqueça , já passou!" ou "Você tem que seguir sua vida!".
Apenas ouça o que ela tem a dizer. Faça-lhe companhia...
Se você conhece uma mãe que perdeu seu filho, abrace o seu.
Não tenha medo de dizer "te amo".
Eu sei, adolescente é chato, mas ele vai gostar de ouvir!
Já é adulto?
Não tem importância...
Diga-lhe: "estou aqui".

Fonte:http://www.apoiomae.blogger.com.br/