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sábado, 30 de abril de 2011

AMÁVEL, ERA VOCÊ...


Este é o primeiro final de semana que passo longe dos seus irmãos depois do que aconteceu.
Este é, também, o primeiro final de semana que se coloca em prática a questão da guarda deles: foram pra Sorocaba passar o final de semana com seu pai.
A Ivy não queria ir, mas disse a ela que o papai estava morrendo de saudades e que logo ela estaria de volta.
O Nícollas estava em estado de graça, pois passar o final de semana com os amigos era tudo o que ele queria.
E ele merece... Tem se esforçado tanto, nem parece o mesmo Nícollas de antes!
Você sabe como estava difícil lidar com a rebeldia dele.
A dor amadurece as pessoas.
Amadureceu seu irmão...
Seu pai veio buscá-los cedo, daquele jeito que você conhece...
Não olha na minha cara, faz de conta que não me ouve.
Se ele soubesse tudo o que conversávamos, as coisas que eu pedia pra vocês em relação a ele...
Se ele fosse capaz de se despir da raiva que tem, poderia enxergar, em tudo o que aconteceu, uma nova oportunidade.
Acho que as dores que passamos na vida sempre têm o poder de transformar. Para o bem ou para o mal.
Por isso voltei a São Caetano.
Seus irmãos estão felizes na nova escola, felizes perto da família... Tem sido muito bom pra eles.
Nossa casa não foi vendida, estamos morando na casa da vó.
Não é uma situação cômoda pra mim, você sabe quanto esforço foi feito pra comprar nossa casa.
Tanto sabe que se negava a considerar a possibilidade de vendê-la.
Quantos corretores sabotamos...rsrsrs
O conselho da promotora no fórum... Não deu tempo de levar adiante, filha...
Enfim... Seu pai nunca será capaz de abrir mão de nada em favor dos seus irmãos. Há de preferir nos ver na favela a morar com dignidade se isso depender de alguma abdicação da parte dele.
Não tem problema.
Você não conseguiu viver um minuto em paz depois da nossa separação, e esse era seu maior sonho. Tentou convencê-lo por tantas vezes a acreditar nas suas opiniões, que elas eram de fato suas...
Teve o pior reveillon da sua vida... Chorou comigo ao telefone pouco antes da meia noite me colocando em verdadeiro desespero!
Como eu entendia você...
A hostilidade que você suportou no dia-a-dia, seus irmãos não terão que vivenciar.
Tracei a meta de ser feliz ao lado deles, ainda que seja morando na vó.
E assim será.
Quase nada é impossível aos corajosos e fortes.
Digo ‘quase’ porque ainda não consigo projetar minha vida sem você ao meu lado.
Ontem fechei os olhos e senti seus braços em torno de mim.
Fui levada às lembranças dos seus abraços lá na cozinha, onde fazíamos de conta ser um ‘reduto dos conselhos e confissões’.
A cada abraço, uma pergunta sua: - Sabia que eu te amo?
A cada pergunta sua, uma resposta minha: - Claro que sei! Eu sou realmente muuuuito amável...

( Amável, minha querida, era você!)

quinta-feira, 28 de abril de 2011

POSSO FAZER UMA TATOO?


- Mãe, quando eu fizer 18 anos quero fazer uma tatoo igual a sua.

- Nem pensar, essa bruxa é só minha.

- Ah, mãeeeeeee... Então me deixa fazer uma pimenta?

- Afff Bi... Pimenta todo mundo ta fazendo, e não vou deixar você fazer tatoo com 15 anos porque vai se arrepender do desenho.

- Mas a Lau fez.

- A Lau não é minha filha, e tenho certeza que ela vai se arrepender de algumas das tatoos que fez.

- Eu queria fazer uma pimenta, ou então escrever ‘GABRIELA’ aqui ó (levantou a camiseta e mostrou as costelas).

- Mas você é muito cretina mesmo, hein, Bianca... Acha que vai me fazer amolecer só porque disse que quer tatuar meu nome em você? Minha resposta continua sendo NÃOOOOOOO...

- Ah manhêêêêêêêêêêê!!!!!!!!


Você não fará 18 anos.
Dois dias após seu enterro, eu e a tia Erika (que é um capítulo à parte) tatuamos você em nós.
Tatuamos seu nome e sua pimenta.
Te carregamos na pele, no coração, no pensamento...
Respiramos você, minha linda...



terça-feira, 26 de abril de 2011

FILÃO, MEU QUERIDO...



Preciso falar aqui sobre uma pessoa de importância singular em minha vida: o ‘Filão’.
Filão é um eterno apaixonado pela Bi, daqueles meninos que qualquer mãe quer pra genro...
Sempre gostei dele de graça, um menino de ouro, trabalhador, educado e, ainda por cima, sempre carregou as sacolas pesadas pra mim! rs
A Bianca o tinha apenas como amigo, mas eu fazia uma campanha fervorosa pra que ela se apaixonasse por ele.
Nem sempre as mães alcançam seus objetivos, e minha campanha não teve sucesso!
A Bianca foi atropelada em frente a casa dele.
Ele a socorreu, ele chamou o resgate, ele tentou me acalmar ao telefone quando eu soube do acidente, ele passou a noite com a gente no hospital, ele sofreu tanto quanto nós...
Ele.
Assim que recebi a notícia sobre o falecimento da Bianca, de imediato decidi que seu corpo seria enterrado em São Caetano do Sul (minha cidade), no túmulo da minha família.
Quando comuniquei a decisão aos amigos dela, alguns me pediram pra fazer dois velórios: um em Sorocaba, para que pudessem se despedir dela, e outro em São Caetano, para a família.
Como eu entendia aquelas crianças...
A perda de um amigo na idade deles é o tipo de experiência que nunca irão esquecer.
Eles estão numa idade onde tudo envolve vida, e a morte parece uma coisa tão distante da realidade!
Não era possível atender ao pedido deles: dois velórios seria algo impraticável...
Foi quando o Filão, engolindo sua dor imensa e chamando pra si uma responsabilidade maior que seus 18 anos deveriam suportar, cotou o frete de um ônibus de Sorocaba a São Caetano, pegou uma prancheta e uma caneta, sentou na calçada da minha casa e, em minutos, reuniu 50 adolescentes que se dispuseram a ratear o frete desse ônibus.
Com a determinação dos grandes homens, ele liderou essa triste viagem trazendo para perto de nós a energia e o amor desses 50 amigos da Bi.
Sou grata pelo carinho de todos que lá estiveram e por todos os abraços que recebi.
De alguns, não sei o nome.
De outros muitos, sei de tanta coisa... Recebi em minha casa tantas vezes...
Obrigada...
E você, Filão, que já tinha um lugar especial no meu coração, saiba que hoje tem meu eterno e incondicional amor.
Obrigada por ter amado tanto minha filha, por se preocupar tanto com a gente e por ser esse menino tão forte.
Amo muito você!

A PROMESSA


Hoje foi a 15ª noite consecutiva que a Ivy dormiu sem chorar.
Outro dia, ela falou sobre a vontade que tinha de sonhar com a ‘Tata’.
Os olhinhos dela imploravam por um consolo, um chamego...
Expliquei a ela que você era uma anjinho novo no céu, e que ainda não podia ficar passeando sozinha por aí, mas que assim que fosse possível, apareceria pra ela num sonho.
Disse a ela que os sonhos funcionam como uma espécie de porta entre o nosso mundo e o seu, e que você viria falar com ela quando pudesse fazê-lo.
E assim aconteceu.
Há 15 dias, ela teve um despertar radiante depois de uma difícil noite chorosa.
Sonhou com você:

"Mãe, sonhei com a Tata hoje...
Nossa, bem que você disse que ela não quer que eu fique triste!
Ela falou, brava comigo, que não era pra eu chorar mais e me fez prometer.
Disse que se eu chorasse de novo, ia ser a ‘maior mancada’!
Depois que eu prometi, ela sorriu, me deu um beijo e disse que me amava...”

Sonhos...
Como nós sempre levamos isso a sério!
Obrigada por ter vindo até ela e tê-la feito tão feliz...
A partir deste sonho, as noites tristes se extinguiram.
Ganhamos, da tia Cida, um porta-retratos com duas fotos suas.
Duas fotos tão lindas, onde seus olhinhos brilham intensamente, parecendo querer entrar na gente!
Todas as noites, antes de dormir, a Ivy olha suas fotos e diz: ‘Boa noite, Tata...’
Eu, tentando quebrar a seriedade e tensão desse momento, faço uma voz bem agudinha e caricata e respondo: ‘Boa noite, Ivy!’
Ela ri, acha graça e dorme a noite inteira sem chorar.
Sei que o esforço que ela tem feito é gigantesco, mas se mantém firme no propósito de cumprir a promessa que te fez em sonho: a de não ficar mais triste...

PS: eu te amo... (você adorava isso, lembra?)

quarta-feira, 13 de abril de 2011

TEU LUGAR É AQUI...


Os dias chuvosos são os piores.
Chovia naquele dia; choveu por toda aquela noite.
Ainda chove no meu coração, e acho que isso nunca vai mudar.
Hoje tive lembranças tão fortes...
Lembrei de quando estava na cozinha e você chegava me abraçando gostoso, me enchendo de beijos... No meio do abraço, você sempre aproveitava pra pedir: "Aperta minhas costas?".
Conforme eu apertava, você ia ficando molinha, e quando me dava conta, aquele abraço já havia se transformado em massagem de mãe!
Que delícia...
Me faz um cafuné? Lava meu cabelo?
Pedidos atendidos. Todos eles, sempre!
Cabelos lindos que a tricotomia levou ao chão diante dos meus olhos.
Foi tudo tão urgente que os procedimentos foram iniciados ali, na minha frente.
Não quero pensar em certas coisas, não busco certas recordações, mas sou frequentemente traída pela minha cabeça, que me tortura com flashes
que me fazem chorar.
Fico pensando naqueles que julgaram minha serenidade durante o velório... Me criticaram até...
Estes, hoje, já estão refeitos do choque que sua partida causou.
Alguns mais, outros menos, mas todos já estão conseguindo dormir suas oito horas de sono.
E é assim que deve ser mesmo.
A vida das pessoas retorna ao ritmo habitual à medida em que as lágrimas vão secando.
Em contrapartida, acabei estreitando laços com a insônia, até então uma absoluta desconhecida pra mim.
E é quando estamos juntas, eu e a insônia, que toda minha serenidade cede espaço ao desespero.
Choro...
Choro a saudade, a indignação, o ódio, a revolta...
Choro por todos os capítulos da nossa história que não terão continuidade.
Choro relendo aqueles que escrevemos juntas e que foram tão legais...
O que foi feito com o nosso livro, o livro da nossa vida?
Sensação de que metade das páginas foram arrancadas, transformando nosso livro numa espécie de história sem fim.
Sem fim, mas com tanto sentido...
Tem algo errado em tudo isso, alguma coisa deu errado!
Teu lugar é aqui, ao lado da tua mãe e dos teus irmãos.
Teu lugar é comigo, tua mãe-irmã-gêmea...
Te amo, minha cheirosinha...

sábado, 9 de abril de 2011

A DOR DA NOSSA IVY



As crises de choro dela têm sido diárias, e se já é difícil conseguir administrar a própria dor, se torna impossível quando se trata do pequeno coração de Ivy:


sexta-feira, 8 de abril de 2011

SEUS AMIGOS...



















Ontem o Dan veio aqui.
Dei à ele aquela caixinha que fiz pra você, tão bonitinha, onde você guardava suas maquiagens e que, 'porcamente', rabiscou o nome dele com esmalte do lado de dentro.
Ele ficou tão feliz...
Todos sofrem demais sua ausência, alguns deles me visitam de vez em quando, conversam comigo e tentam ver em mim um pouquinho de você.
Você é tão amada por todos, minha querida...

quinta-feira, 7 de abril de 2011

ÓRFÃ ÀS AVESSAS


Não sei como deve se comportar o coração de uma mãe que ficou 'órfã às avessas'.
Tenho tentado me manter em pé, até tenho conseguido, mas a vontade de não sair da cama é tão grande...
Tenho muito ódio dele, Bianca...
Você me conhece!
Esse Jair deve estar com a vidinha dele bem tranquila, com certeza o 'choque' já passou.
O meu, não.
Você me conhece, filha.
Você sabe o que eu desejo pra esse homem.
Você sabe que eu enfiaria uma faca nele se não tivesse seus irmãos...
Falamos sobre isso outro dia, lembra?
Vimos aquela reportagem sobre a menininha Cristal da Silva Cardoso, que morreu após o carro em que estava, tendo como motorista um imbecil bêbado, ter caído dentro de um rio.
Falei imediatamente que se fosse eu a mãe dessa menininha, o motorista seria picado em pedaços bem pequenininhos. Por mim mesma.
Você, de imediato, concordou.
Colocamos nossa Ivy no lugar da menininha pra tentar dimensionar nossa revolta.
Nossa indignação, como sempre, idêntica!
Ouvi dizer que teu assassino tá jurado de morte aqui no bairro.
Não por mim.
Eu só desejo o mal a ele por toda eternidade, mas a revolta alheia eu não posso controlar.
Nem quero.
Dane-se!
Eu sei onde ele está, até tenho vontade de ir lá, olhar na cara dele e dizer o quanto quero que ele sofra na vida.
Mas nem pra isso eu ando tendo coragem.
Sabe quando o corpo da gente se recusa a obedecer ordens básicas?
Tomar banho, ir ao banheiro, escovar os dentes... Nossa... Faço isso com tanto custo que só eu sei!


Ontem, conversei um pouco com seu irmão sobre você.
Me preocupa o fato dele não ter chorado.
Pra minha surpresa, ele disse que decidiu não chorar, mas que passa o dia todo com vontade, e que chega até a ter dores na garganta por conta do choro reprimido.
Expliquei que isso não faz bem, e que se chorasse, ficaria com o coração mais aliviado.
Não conseguimos um acordo sobre isso...
À mim, cabe a missão de ficar atenta ao luto dele.
Ele te ama enlouquecidamente, perdeu a companheira de toda vida!


Juro à você que estou tentando me manter sã.
Tenho pessoas ótimas ao meu lado que se empenham em me distrair, fazendo com que eu pense em outras coisas.
Não é fácil, meu amor por você sempre foi tão imenso, tão avassalador...
Só a gente sabe...
Leio seu FOTOLOG todos os dias só pra me envaidecer de cada 'mãezinha linda' que você escreveu lá.
Ah, minha menina...
Me sinto leve em saber que nossa relação não tinha arestas, não tinha absolutamente nada mal resolvido.
Te amo tanto, minha loira... Tanto...

quarta-feira, 6 de abril de 2011

SEUS IRMÃOS



Esse vídeo foi feito pela tia Cida.
Não dá pra vê-lo sem chorar.
Ontem, sua irmã o assistiu várias vezes!
Eu, lá da cozinha, ouvia a música acabar e iniciar incontáveis vezes.
Subi.
Entrei no quarto e a encontrei, encolhidinha na cadeira do computador, chorando como gente grande...
Fiz de conta que não morri por dentro quando vi aquilo. Fui até lá e a abracei.
Disse a ela que a saudade que sentimos de você nunca vai passar, mas que se ela ficasse chorando daquele jeito, iria se transformar em uma pequena menina de sete anos com a carinha cheia de rugas!
Não é que funcionou?
Caímos na risada, continuamos abraçadas por um tempo até mudarmos o foco da conversa.




Ela só viu o sorriso que lancei ao vento.
Me deu uma dor no peito, uma taquicardia, falta de ar... Mas isso ela não viu.
Aquela cena acabou comigo!
É o tipo de sofrimento que não deveria ser permitido aos sete anos de idade.
À noite, debrucei no balcão da cozinha e fiquei olhando pra sua cadeira.
Aquele era o horário em que você chegava da escola, sentava ali e ficava conversando comigo.
Sabe o abraço das 23:15h?
Ontem, a falta dele quase me matou!
Debruçada no balcão, chorei feito uma louca.
Chorei de saudade, de raiva, de revolta, de amor...
Seu irmão, com toda a força que tem feito em não chorar na nossa frente, se manteve firme nesse propósito mesmo tendo me flagrado desesperada e aos prantos.
Me abraçou, acarinhou, beijou meu rosto encharcado e pediu que eu fosse dormir.
Eu fui...



Amamos você a cada dia, a cada brinco seu perdido pela casa...
Minha revolta só não é maior que o meu amor por você e seus irmãos, mas é maior que todo o resto.
Durma o soninho dos anjos, minha querida.
São 02:15h da manhã, vou tentar dormir também...
Te amo!

BARRIGÃO



É o que acontece quando a dor da gente se torna insuportável: começamos a revirar lembranças que, há muito tempo, estavam ali guardadas em caixas esquecidas em algum cantinho da casa.
Se eu fechar os olhos, posso reviver a sensação de deitar de bruços no comecinho da gravidez e sentir aquele pequeno e prazeroso 'incômodo', como se estivesse me deitando sobre uma bolinha de meia...

segunda-feira, 4 de abril de 2011

CARINHOS

Um pouco do carinho dessa nossa relação mãe-e-filha-porra-louca.

Amor demais, saudade infinita...



(Manhê, só a gente é gêmea, "mãe-irmã". Te amo demais, mortadela do meu pão!)

MEU EX-MEDO


Sempre tive medo de avião.
Quem me conhece bem, sabe o tamanho da minha fobia.
Nunca voei, e uma das minhas frases feitas era que “se fosse pra eu voar, teria nascido um passarinho”.
Não nasci.
Meu pavor pelos aviões sempre foi além de me imaginar dentro de um: bastava saber que tinha um sobre minha cabeça pra eu correr com medo que caísse em cima de mim.
Hoje sei que isso tudo é uma grande besteira.
O maior medo que qualquer mãe tem na vida é o de perder um filho.
Por isso as mães são tão zelosas...
Por isso mandamos que se agasalhem em dias frios, que não tomem gelado quando estão gripados, que ‘corram devagar’ quando brincam de pega-pega.
As mães têm a ‘visão além do alcance’: enxergamos a pneumonia no nariz escorrendo, a testa rachada no pega-pega e o braço quebrado na brincadeira entre irmãos.
Quanta chatice...
As mães (inclusive eu) são chatas pra caramba!
A gente deixa de aproveitar muita coisa em função de proteger os filhos de qualquer mal que possa vir a ocorrer.
Boicotamos o divertimento deles!
Na verdade, nos consideramos poderosas e soberanas.
Não somos.
Meu maior medo sempre foi o de perder um filho.
Embora eu sempre tenha trabalhado, nunca terceirizei minha função de mãe: ninguém podia ser tão boa quanto eu!
Fiz absolutamente tudo o que pude enquanto pude.
Não carrego nenhuma sensação de ter podido ser uma mãe melhor.
Sempre fui, para os meus filhos, a mãe que eu gostaria de ter tido pra mim.
Arrasei no papel, não sou modesta.
Hoje, tentando digerir a dor que me consome, vejo que meu medo de avião me faz cócegas.
O maior medo, a maior desgraça, a maior tragédia de todas é esta que estou vivendo.
Os aviões se tornaram tão insignificantes pra mim...
A gente muda o foco das coisas.
A partir de agora, não vou deixar que meus filhos percam mais nenhuma oportunidade de se divertir.
Vamos comer chocolate até a barriga doer sim, vamos dormir de madrugada em plena quarta feira sim, e vamos matar aula/trabalho se amanhecer chovendo e a preguiça pedir que fiquemos juntos na minha cama, amontoados no edredon.
A vida é breve e a morte é um sopro.
Não viva apenas pelo futuro, não pense exclusivamente a longo prazo.
Aproveitar o ‘hoje’, pode valer bem mais a pena...

domingo, 3 de abril de 2011

ANIVERSÁRIO DA IVY


Bi,

Ontem, fizemos uma festinha de aniversário pra Ivy. A sua Ivy...
Ela agora usa uma correntinha com a letrinha "B" pendurada, como se estivesse te homenageando o tempo todo!
Na hora em que cantamos o parabéns, achei que ela fosse chorar.
Apertou meu pescoço com força e fez uma carinha de tristeza disfarçada que só a gente conhece bem.
Senti um nó na garganta. Na minha garganta.
Não chorou.
O primeiro pedaço do bolo que seria seu, se assim pudesse ser, ela deu pro Léo.
Estava bastante feliz, conseguimos dar a ela um pouquinho de alegria e leveza, pois seus 'pequenos dias' têm sido muito tristes desde que você foi arrancada de nós.
Tenho me comovido com vários comentários feitos por ela sobre o que aconteceu, um deles foi quando me disse que não sabia que 'morrer era tão triste'.
Se é difícil pra mim, faça uma idéia de como tem sido pra ela!
Ela elegeu uma estrela bem brilhante pra representar você, e todas as noites olhamos pro céu pra te desejar boa noite.
Noites que não durmo...
Noites em que ela perde o sono e sente medo do que não conhece. Medo e saudade...
Você foi, pra ela, uma super irmã.
Na verdade, ela te chamava de segunda mãe, lembra?
Com certeza, hoje, essa nossa menininha se sente um pouco órfã...
Com toda certeza, Bi, você é a referência de amor que ela vai carregar pra vida toda.
Te amamos eternamente...