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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

NESTE ANO...


Neste ano...
Neste ano, perdi o rumo, um amigo querido e conheci o lado bom e ruim de algumas pessoas.
Reencontrei uma pessoa importante e beijei muito mais seus irmãos.
Desejei reviver algumas coisas, e assim o fiz.
Usei muito mais corretivo sob os olhos, produzi mais lágrimas do que em qualquer outro ano da minha vida e senti vontade de possuir uma arma de fogo.
Tive a certeza de que Deus não existe, fui abraçada por desconhecidos solidários e conheci pessoas com perdas idênticas à minha.
Fui consolada.
Fui, também, consoladora de corações destruídos tanto quanto o meu.
Aprendi o quanto dói ter, simultaneamente, insônia e boa memória.
Tentei esquecer coisas inesquecíveis e perdoar o imperdoável, mas isso ainda não consegui.
Aprendi qual a sensação de ter um membro amputado sem ter passado, efetivamente, por isso.
Reorganizei minhas prioridades, excluí gente desnecessária da minha vida.
Agradeço à vida por ter me devolvido alguém necessário.
Tive a certeza de que tenho um amigo para todas as horas e, também, a certeza de que tem gente que se promove às custas da desgraça alheia.
Compatilhei 100% da minha vida com a tia Erika, que é uma das pessoas que mais amo no mundo.
Me orgulho de não ter desperdiçado nenhum fiozinho de amor em relação à ela desde que éramos pequenas. Ela vale qualquer esforço ou sacrifício... Qualquer tudo! Eu a amo!
Reaprendi a respirar, andar, comer...
Engordei o que não deveria em 10 meses.
Dormi durante o dia e vaguei durante a noite.
Não tomei sol, não viajei, não me diverti.
Decorei cada marca de expressão contida no rosto de um assassino chamado Jair.
Decidi viver.
Este foi o ano em que mais sofri.
O ano que nunca esqueceremos.
O ano em que ficamos 'órfãos', que dormimos todos no mesmo quarto com as camas coladinhas e de mãos dadas.
Foi o ano em que os olhos mais radiantes que conheci ao mesmo tempo que se fecharam, devolveram a visão à alguém.
Foi o ano em que o meu sorriso predileto perdeu o viço para a morte.
Este, foi o ano em que você chorou no meu colo suas inseguranças adolescentes.
E este, infelizmente, foi o ano em que chorei toda minha dor de mãe, debruçada no teu caixão.
Que você saiba que continua sendo minha luz e minha força.
Que você saiba que meu amor por você nunca vai acabar.

"Saudade que dói no peito..."

MORGANA E VOCÊ


Esta é a mala onde estão guardadas suas roupas.
E esta é sua gata cuidando de você, sem se importar sob qual forma você está.
Para ela, não há, no mundo, algo capaz de fazer seu cheiro se extinguir.
E ela te cuida, todos os dias, fiel como sempre foi...

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

CHEGANDO O NATAL


Filhotinha...
Quase natal...
Vamos passar lá na casa da bisa, como todos os anos.
A Ivy vai ganhar uma bicicleta do 'papai Noel', e o Nícollas, por incrível que pareça, passou de ano!
Eu queria ficar aqui em casa, não to afim de passar por aquela coisa de ficar ouvindo conversinha de feliz natal, tipo "é isso aí Gabi, continue forte", " Deus vai te dar força", bla bla bla...
Enfim... A Ivy curte o Natal na bisa, acredita em papai Noel, adora as comidinhas da vó... Então, iremos!
Sei que não vou poder viver eternamente no buraco em que gostaria, então, comprei uma sandália em sua homenagem e 'vamos que vamos'.
Dia desses, conheci através do blog, uma outra mãe que está vivendo a mesma situação que eu.
A filha dela, Juliane, foi atropelada e morta na semana do seu aniversário, Bi.
Mais uma história triste, onde uma mãe perde o chão e onde 3 irmãos tentam continuar suas vidas.
Mais uma família destruída por mais um assassino do trânsito.
Estenda as mãos à Juliane e não a deixe sozinha... Abra seu sorriso largo e junte-se a ela.
Por aqui, tentamos, eu e Cínthia (mãe de Juliane), não enlouquecer.
A vó Dette está aqui em casa, veio ficar uns dias comigo até o Natal. Junto com ela, veio um vidrinho de Rivotril, a quem cedi completamente!
Agora, consigo dormir melhor graças à nossa velhinha 'traficante'!
Não te esqueço um só segundo, faço absolutamente tudo pensando em você.
Comprei um vestidinho preto pra usar no natal, e quase chorei no provador da loja porque me faltou você pra dar seus palpites.
Acho que você teria aprovado.
Eu sinto tanta falta de você... Falta de cuidar, de aconselhar, de abraçar...
Minha menina...
O Nícollas cresceu horrores esse ano!
Está da minha altura, e estaria da sua também se você aqui estivesse.
Sou mais triste há quase 10 meses, serei mais triste por todo o resto da minha vida.
Meu amor por você continua imenso.
Volta pra mim, volta...

domingo, 18 de dezembro de 2011

TESTEMUNHAS


Sei que muita gente lê o que escrevo.
Muitas dessas pessoas moram próximo à minha casa.
Desde que a Bianca foi atropelada, tenho comigo a versão do policial que atendeu a ocorrência e a das pessoas que acompanharam o resgate no local do acidente.
Preciso muito saber se havia mais alguém naquele ponto de ônibus com ela aquele dia, ou se havia mais alguém na rua, porque embora estivesse chovendo, este é um lugar onde SEMPRE tem gente na rua.
O processo é lento, mas queremos que justiça seja feita.
Se alguém sabe de algo, ou se presenciou algo, peço a gentileza de não postarem nos comentários, mas gostaria imensamente que vocês escrevessem para o meu email gabihort@gmail.com.
Qualquer coisa que tenham ouvido sobre o que aconteceu naquele dia, por mais que possa lhes parecer bobagem, pra mim pode fazer toda a diferença.
Quero todas as informações possíveis sobre o que houve.
Conto com vocês e agradeço a quem puder ajudar!
Beijos

sábado, 10 de dezembro de 2011

O ÚLTIMO ANO DA SUA VIDA


Este, sem dúvida, foi o ano mais desgraçado da minha vida.
Ao mesmo tempo, este é um ano que não gostaria de ver acabar.
Este, foi o último ano em que você viveu, sorriu e que eu pude te abraçar.
O último ano em que te confiei segredos, que ouvi suas aflições, que fiz escova em seus cabelos
O ano que vem, será um ano em que você não vai existir.
Você será, para muitas pessoas, 'alguém que morreu no ano passado'.
Alguém que não estará em nenhuma lista de nenhuma turma do 3ºcolegial.
Seu assassinato terá sido no ano passado.
Entende como isso acaba comigo?
Seu assassino terá a convicção da impunidade, pois, afinal, ele te matou no ano passado e nada aconteceu!
Ah... Minha vida...
Meu útero grita por justiça!
Ele te matou e, mesmo com a lentidão ou omissão da justiça, que o desgraçado durma sabendo que eu não o esqueci.
Para mim, não importa quanto tempo passe, tudo terá acontecido hoje.
Todos os dias eu revivo aquele dia.
Todas as noites enterro você. E choro. E não durmo. E revivo.
Não aprendi a evitar isso, se é que isso é coisa que se aprende.
Durma, você, o soninho dos anjos...
Estarei aqui, enquanto meu coração bater, a fazer com que você nunca seja esquecida.
Te amo mais-que-tudo!

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

EMAIL


Sobre os comentários que recebo aqui no blog, leio absolutamente todos.
Muitos deles, tenho vontade de responder, porém, as pessoas têm postado em anonimato, não deixando um email pra que eu possa responder.
Peço, se possível, que deixem um email pra retorno.
Se preferirem, podem escrever direto pro meu email: gabihort@gmail.com
Obrigada pelo carinho de todos...

sábado, 3 de dezembro de 2011

UMA BRIGA INESQUECÍVEL


Era de manhã.
Eu já estava quase na porta do escritório quando ela me ligou:


- Mãe, já chegou no trabalho?

- Estou quase... Por quê?

- É que preciso conversar bem sério com você depois.



Fiquei paralisada.
O que poderia ser tão sério a ponto de transformar seu bom humor quando falava comigo ao telefone?
Durante aquela manhã, não nos falamos mais, até que chegou o horário do meu almoço e acabei ligando pra ela:


- Oi Bi... Fala logo o que você quer falar porque nem to conseguindo trabalhar direito de tanta preocupação. O que foi que aconteceu de tão sério?

- Mãe, só me responde uma coisa: quantas vezes você jogou minha bolsa no chão ontem?


CON - GE – LEI...
Na noite anterior, não lembro por qual razão, a gente tinha discutido por uma bobagem qualquer e ela me tirou completamente do sério.
Às vezes, filhos fazem isso com as mães (eu fiz muito isso com a minha... e quer saber? Ainda faço!).
Ela me irritou tanto, mas tanto, mas tanto, que eu tinha vontade de bater nela muito-muito-muito-até-sair-caldinho, como a gente costumava dizer.
Claro que não ia fazer isso, mas eu tinha que mandar meu ódio pra algum lugar.
Adivinha só?
A bolsa dela estava bem ali, em cima da minha cama pedindo para ser jogada para todos os lados possíveis!
Quando paramos de gritar uma com a outra, a Bianca desceu as escadas me deixando no quarto, a sós, com aquela bolsa.
Enrosquei a danada no pulso e comecei meu desabafo: bati a bolsa contra a parede e contra o chão e, de novo, contra a parede, com uma fúria digna de novela das oito!
Diante daquela pergunta, já tinha sacado que alguma grande bosta tinha acontecido.
Ela, aos prantos do outro lado da linha, dizia:


- Você moeu TODAS as minhas maquiageeeeeennnnnssssssssss!


Eu tinha a exata noção da tragédia que isso representava pra ela, mas não me contive:


- Bi, pensa pelo lado bom: antes as maquiagens do que a sua linda cara, porque descontei na bolsa a vontade que eu tava de pegar você!!!


E eu ria...
E ela chorava...
Claro que tratei de comprar maquiagens novas imediatamente!
Ela seria bem capaz de nunca mais colocar os pés na rua se não tivesse uma boa base, um gloss delicioso e um rímel à altura de seus belos cílios...
Sabe, a gente tinha uma relação especial, mas não éramos mamãe e filhinha de filme água-com-açúcar.
Ela me irritava como qualquer filha irrita sua mãe.
Eu brigava com ela como qualquer mãe briga com sua filha.
Engana-se quem, ao ler o blog, imagina uma relação onde só existia sorrisos.
Era, sim, uma relação diferenciada, onde qualquer tempestade terminava num abraço, num beijo e em dois sorrisos reparadores: o meu e o dela...