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segunda-feira, 21 de maio de 2012

CÉU COR-DE-ROSA


Como são as coisas...

As postagens no blog têm se tornado mais espaçadas, menos frequentes...

Acreditem, ou não, sou cobrada por isso através de emails!

O blog não é uma coluna semanal, e que isso valha aos que ficam ansiosos por novos textos.

Sabe, o luto é uma coisa estranha...

Estranha porque é uma fase sem receita mágica, uma fase onde as coisas funcionam individualmente e em que as pessoas, cada uma a seu modo, tentam ajudar com bons conselhos da maneira que podem ou sabem.

A verdade é que, por mais que os conselhos sejam bacanas (e são!), pra mim ainda são impraticáveis.

Depois que fui à psiquiatra, saí de lá com duas receitas nas mãos: um antidepressivo e um ansiolítico.

Concordei em consultar uma psiquiatra unicamente com a finalidade de solucionar a questão da insônia, que me atormenta desde a morte da Bianca.

Quando entrei no consultório, contei rapidamente o que me levara até ali, e já me adiantei em dizer que sou uma pessoa resistente a tomar medicamentos.

Detesto tomar qualquer coisa pra qualquer tipo de dor, a menos que seja muito, mas muito, muito enormemente necessário.

Disse, também, para que nem tentasse me convencer a fazer terapia, pois isso não traria minha filha de volta.

Bem, a médica, por fim, após concordar que minha situação era delicada, me perguntou se eu tinha religião.

Pronto! Era só o que me faltava!

Pensei: Bom, se uma psiquiatra chega ao ponto de começar a questionar sobre religião com uma paciente que não está numa sessão de terapia, é porque sou um caso perdido mesmo!

Diante da minha negativa, ela deu a última cartada:

“Mas você acredita em Deus, ?"

Sabendo que a desapontaria, respirei fundo e disse a ela que não, mas que esse era um assunto do qual eu não tinha a menor pretensão em discutir, pois meu único intuito era o de sair daquele consultório com a certeza de que teria de volta, ao menos, as minhas sagradas noites de sono.

E assim foi.

Ela me receitou um antidepressivo de baixa dosagem, e disse que aumentaria se fosse necessário a partir dar próximas consultas.

Fiquei me perguntando o que um comprimido de medicação antidepressiva seria capaz de fazer por mim...

Após as três semanas que ela disse demorar para que eu começasse a sentir o efeito do remédio, a única coisa que mudou em mim foi a diarréia constante que passei a ter.

Sinceramente, não sei responder se antidepressivos funcionam de fato num caso como o meu, e também não vou saber, porque parei de tomá-los!

Agora, sobre minhas noites insones, essas são metralhadas pelo clonazepan.

Durmo bem, acordo bem.

É bem aquela coisa: remédio só é bom quando a gente realmente precisa!

Continuo odiando ter que tomá-lo, mas, por hora, este tem sido muito necessário sim.

Voltando à questão do luto, hoje, me sinto infinitamente pior que no ano passado.

O impacto da perda da Bianca na vida de cada um aqui de casa, se mostra dia após dia.

Um chora, outro finge que é forte e consola, outro enfatiza a agressividade verbal, e assim temos levado nossas vidas.

A Ivy, por incrível que pareça, é a única que, verdadeiramente, mostra superação honesta diante da perda.

Ela tem raríssimos episódios de choro, fala da irmã com amor, saudade e conformismo.

A Bianca só deixou marcas positivas na pequena vida da irmãzinha que ela tanto amou!

Anteontem, no final da tarde, o céu estava meio cor de rosa.

Falei pra Ivy que a Tata havia pintado o céu só pra que a gente olhasse pra ele e lembrasse dela naquela hora.

Ela concordou comigo.

Perguntei se ela realmente acreditava naquilo, e ela, seguramente, me respondeu que sim...

Isso mostra que, apesar dos meus questionamentos e minha revolta, em momento algum tentei envenenar meus filhos para que pensassem ou agissem como eu diante dessa situação.


16 comentários:

  1. Oh mulher.. sei que nada que eu disser ajuda, mas saiba que torço por vc, por seus filhos e saiba que vc é um dos MAIORES exemplos de mãe que eu conheci.

    Beijos no coração e saudades das suas maluqueces na UNIP...
    Elaine ( estudei com vc no cursod e pedagogia, nãos ei se vc lembra... vc ficou muito pouco...)

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    1. Elaineeeeeeee... E vc precisa se identificar?rsrsrsrsrsrs... Louca! Bjs

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  2. Maravilhosa! Eu sim, daria o c* pra ter uma mãe igual a você... Se lembra dessa, né?
    A gostosona da Bi foi uma garota feliz, e é... A presença dela ainda permanece aqui!
    Você é uma linda, "mãezona completa" da minha vida s2

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    1. Laisa... Vc não daria nada! Já falamos sobre isso...kkkk
      Bjs

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  3. há muito tempo não nos vemos e as lembranças q tenho de vc estão ligadas a minha infância. não te conheço hj (a não ser pelo face), não conheço sua família e não conheci a Bianca - infelizmente. mas de uma coisa sobre vc eu conheci: vc se tornou uma mulher admirável e uma mãe das mais guerreiras.

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    1. Kelly... Nada que um belo pão de cebola não possa resolver! Trocaremos as lembranças da Caravan da sua mãe e dos boletes da hora da saída da escola por um monte de novas recordações... E, depois, mandaremos um monte de fotos pra Vivian ficar com invejinha! rsrsrsrs
      Beijos, e obrigada!

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  4. Oi Gabi ...
    Li o seu blog INTEIRO. Não conheci a Bianca, mas conheço pessoas que a conheceram e que gostavam muito dela.
    Perder alguém da forma como você a perdeu, de fato, é horrível... Dor de mãe é uma dor sem igual.
    Não vou ser hipócrita, tenho 18 anos e faço curso de psicologia, eis o motivo que depois de meses, tive coragem de vim aqui dar a minha opinião.
    Estou somente no primeiro ano, então, quem sou eu pra falar algo além disso ?
    O processo de luto é um processo confuso, e quando não acreditamos em Deus (o que é o seu caso, e talvez o meu), complica. Motivo ? Se não temos fé, não temos nos que confortar, pare e pense "Quando eu tenho fé, acredito que aquela pessoa está ... " essa frase é completa diante do que você acredita ; entrar no curso de psicologia, acredite, me fez parar de acreditar em Deus em muitos quesitos também, me fez acreditar (apesar de não ter essa opinião formada completamente) que Deus não existe, o que existe DE FATO é a Fé, e essa sim é capaz de coisas enormes, pois acreditamos TANTO que tem outra pessoa fazendo algo por nós, que não nos tocamos que é nós mesmos, fazendo sozinhos, tendo capacidade de fazer aquilo que achavamos que jamais conseguiriamos, porém acreditando no "poder Divino", poder divino nada, isso sou eu, mostrando o que sou capaz, entende ? Mas quem disse que religião é tudo ? Temos o direito de acreditar e desacreditar no que quisermos, e um bom psicólogo sabe disso.
    Sei que você recusa ajuda psicológica, verdadeiramente, psicólogo algum trará sua filha de volta, NADA trará sua filha de volta. Porém, BONS psicólogos DE VERDADE, podem ajudar você a se reerguer sem medicação, aquela que você tanto recusa... Eu também odeio tomar remédios, nem em casos extremos tomo.. Mas diante de tudo que tenho estudado, descobri que nossa mente é capaz de coisas incríveis, e que pessoas capacitadas a entender isso, podem nos ajudar de maneiras mais incríveis ainda.
    Li o seu sofrimento, não tenho noção nem de longe do tamanho REAL dele, porém acredito verdadeiramente que um psicólogo poderia te ajudar. Se um psicólogo tentar te fazer acreditar em Deus,saia imediatamente da sala dele, ele não tem o direito de questionar sua religião, pois isso não se discute. Se um psicólogo em algum momento falar que não sabe o que fazer com você, saia da sala dele, ele é um inútil, não deveria nem ter diploma. Psicólogos BONS, podem TE ORIENTAR. Se ele te dar conselho, saia da sala dele, conselho você recebe num salão de beleza, num boteco na esquina, e sem pagar por isso.
    Gabi, nossa vida é como um caminhar tropeçando num quarto escuro... Nós vamos acendendo as luzes aos poucos para não se assustar, quando começamos olhar ao redor vimos que aquele quarto é o NOSSO quarto, e que as coisas em que estamos tropeçando, são nossos próprios pertences, e que cabe a nós escolher se vamos continuar tropeçando ou se vamos guarda-los na estante, para que possamos usar ele sempre que quisermos, sem tropeçar, sem se machucar. Consegue entender ? ...
    Tente. Pois ainda existe pessoas que honram o seu diploma de Psicólogo por aí. E eu, diante do que quero ser, acredito que isso possa te ajudar, de verdade.
    Ler o seu sofrimento, acredite, me fez sofrer de certa forma também...
    andreanunesx3@hotmail.com

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. Andréa, o fato de ter 18 anos e estar no 1º ano de psicologia, não te desmerece em nada!
      Sobre a terapia, conheço gente que faz e que gosta muito, recomenda e tal... Mas fazem para melhorar o relacionamento conjugal, porque tem medo de dirigir...Enfim, essa coisa do quarto escuro, é exatamente isso mesmo, e tenho essa consciência, porém, eu tenho tropeçado numa coisa chamada dor, e isso a gente não consegue colocar na estante, entende?
      O sofrimento pelo qual estou passando não é uma coisa opcional, e por mais que as luzes de acendam (e elas estão todas acesas, pode acreditar!), ele vai continuar fora da estante.
      Certa vez, fui a uma psicóloga.
      Isso faz muuuuuito tempo.
      Eu passava por um problema no trabalho e estava enlouquecendo. Ela me fez ver que poderia ser diferente se EU assim quisesse. E isso me ajudou a tomar a decisão de sair do emprego.
      Sei que os psicólogos não são pagés conselheiros, e que a resposta aos nossos conflitos sempre está dentro de nós.
      Os bons, como vc mesma disse, só nos ajudará a chegar a essa conclusão!
      Por isso, o antidepressivo, pra mim, não funcionou.
      Foi como engolir diariamente um placebo, sabendo que era um placebo...rs
      Então, larguei mão... Cansei de ter darréia!
      Mas estou tomando rivotril pra dormir, e tem me feito bem.
      De resto, é continuar acordando, cuidando das coisas corriqueiras, chorando quando der vontade, comendo quando der fome, amparando meus outros filhos SEMPRE, e administrar a dor que não quer, de jeito nenhum, parar quieta na bendita da estante!!!rs
      Um beijo... E adorei seu comentário!

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  6. Ajuda medicamentosa, ajuda numa coisa e piora outra, argh, é horrível, eu recuso...
    Enfim, justamente hoje, tive aula sobre o processo de luto, a aula que taaanto queria pra poder entender o porque cada dia que passa você está pior, não só por isso, mas porque sou curiosa mesmo a respeito do assunto. E sinceramente ? Cada dia que passa tenho mais certeza de que somos TODOS malucos inconscientes... rs
    O que você não pode é parar sua vida, percebe o que você mesma disse ? "De resto..." ; a SUA vida não é resto. COM CERTEZA, diante do apego que você tinha com a Bianca, ela morrer foi como arrancar um pedaço de você, e um grande pedaço ! Porém, você ficou aqui, e cabe a você (nem eu sei como), reconstruir esse pedaço arrancado. Me colocando em seu lugar, reconstruir esse pedaço arrancado seria como querer fingir que ela não existiu, que nada aconteceu, e acho que isso é pior do que... qualquer coisa, talvez ? Faz 1 ano e (2/3 meses?) que ela se foi, dentro desse período a dor, o desespero, a raiva, é algo completamente normal, afinal, era uma pessoa com quem você mantinha trocas de carinho constantemente e intensamente, porém, você tem que ter a consciência de que a algum tempo (não me refiro a amanhã, mês que vem, ano que vem, e sim ao SEU tempo), você tem que olhar uma foto dela, e sentir saudade (sim, mais saudade!) e não essa dor que te sufoca, pois isso faz com que você morra em vida psicologicamente, e isso é mais trágico do que o corpo morrer ... "TEMPO CURA TUDO", tempo cura nada! Tempo ameniza, esse papo de "tempo cura" é manjado! Você é mãe, uma mãe que perdeu a sua filha ! O que é que vai curar isso ? Essa ferida vai estar sempre aberta. Porém, pelo que li, você é maior que tudo, inclusive maior que essa própria dor que muitas vezes toma conta de você. Como diz uma frase que eu amo MUITO : "Tudo bem não estar tudo bem", você só não pode se contentar com isso... Viver sem ela, JAMAIS vai significar esquecer dela, em segundo algum... (antes que me entenda mal [acredito que não entenderá pois você é uma pessoa de mente aberta pra opiniões, e te admiro por isso!], não estou dando uma de psicóloga porque ainda sou achóloga rs, mas falo tudo isso bem intencionada, e essa intenção é unicamente de te ajudar de alguma forma)...
    Beijos!
    andreanunesx3@hotmail.com

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    1. Andréa, não to tomando mais os antidepressivos.
      Só o rivotril porque preciso realmente dormir.
      Sou ótima em me dar alta das coisas! rs
      O sentimento, esse vai ficar pra sempre COMIGO.
      Vou ouvir conselhos o resto da vida (não estou falando de vc! Adoro as coisas que me escreve!).
      Normalmente, quando buzinam muito na minha orelha, absorvo o que me interessa, e mando se foder quem me irrita.
      Sempre fui assim, uma adorável sem educação!
      Pessoas da minha família já vieram falar que eu TENHO que voltar a ser feliz, que eu TENHO que retomar minha vida, que eu TENHO, TENHO, TENHO...
      E, na verdade, eu NÃO TENHO porra nenhuma, a menos que esteja pronta pra isso!
      Nesse momento, minha atenção está em cima do Nícollas e da Ivy, pois uma perda como a que tivemos, me fez refazer minha lista de prioridades.
      Não to jogada numa cama, cuido dos meus filhos, não choro todos os dias, mas tem dias que choro até ficar fraquinha...
      E vai ser assim por enquanto, ou por quanto tempo tiver que ser.
      A gente não manda no que sente.
      A gente só se controla diante da dor, porque a sociedade cobra isso da gente.
      Acho que vou ser seu trabalho de conclusão de curso...rsrsrs
      De onde vc é?

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    2. Só vi sua resposta agora e nem sei por qual motivo!
      Agora você já me conhece!
      andreanunesx3@hotmail.com

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  7. Quen dera se Deus cumprice as necessidades do meu coração e me desse o que espero.

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  8. Querida Gabi ao ler seu blog lembrei das vezes em que conversávamos na faculdade, os conselhos (não sei se vc lembra) mas, de todas as coisas que aprendi com você a que eu com certeza lembrarei pro resto da vida, era que quando estávamos numa dessas conversas vez por outra, sempre, digo sempre porque sempre falava sobre seus filhos e sua preocupação por estar ali na universidade naquele momento e não com eles, via nos seus olhos o brilho da felicidade ao mencioná-los.
    Não existem palavras para conforto, não existe tempo para o que aconteceu, eu sei.
    Quero lhe dizer minha linda e querida amiga que eu a admiro muito! Continue escrevendo o que há ai no seu coração e saiba que estarei sempre aqui disposta a escutá-la.
    São lindos seus textos, suas provas de amor, assim como escreveu acima e disse para Ivy do céu cor de rosa, acredite nele.
    Beijos .
    Sabrine Serralbo

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  9. Oi Gabriela. Sou Rozana Rodrigues, já demos muitas risadas no 30 Horas do Unibanco, será que vc se lembra?. Fiquei sabendo deste triste momento da sua vida, logo apos o acontecido. A Berenice me contou. Sempre tive vontade de ler seu blog, mas eu imaginava não conseguir ou mesmo por falta de tempo, sabe como é trabalhar em banco...rs... Acabei de ler e resolvi escrever...Me lembro de vc uma menina alegre,forte e linda, é assim quero ver vc. Não tenho conselhos para lhe dar, pois sei que vc recebe todos, e é muito teimosa, rs, mas desejo muito que vc consiga ser feliz, e fazer seus filhos felizes. Se um dia quiser conversar me procure. Grande beijo e saudades.....

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    1. Claro que me lembro!
      Acho que ainda tenho um pouco de casa adjetivo que vc descreveu aí, mas admito, a TEIMOSIA é predominante! rs
      A Berenice é uma linda que eu amo de paixão, mande um beijo pra ela se puder!
      Não estou caída numa cama, mãs também não consegui ainda retomar minha vida como era antes do acontecido.
      Não sei quanto tempo isso leva, não sei se isso passa... Enfim...
      To vivendo um dia de cada vez.
      Tenho ódio?
      Muito!
      Vou esquecer?
      Jamais!
      Encontrar o meio termo deve levar tempo, e acho mesmo que casa um tem o seu.
      O meu ainda não chegou.
      A Bianca era minha parceira, por isso é muito difícil.
      Enquanto isso, vou debruçando de vez em quando aui, no meu 'muro das lamentações', que tanto tem me ajudado e, melhor ainda, ajudado tantas outras pessoas!
      Um grande beijo!
      Gabi

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